Associação se destaca por assistência a condenados

5/02/2017 | Destaque, Itaúna

Associação em Itaúna se destaca por assistência a condenados

Do G1

Com a crise no sistema carcerário do Brasil, as discussões sobre quais seriam os melhores modelos de presídios são intensas no país. Em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas, mais de 70{4f38b4b7d8b4b299132941acfb1d57d271347fbd28c4ac4a2917fcb5fee07f0b} dos condenados conseguem se reinserir na sociedade por meio da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac).

Pelo lado de fora, o local até parece um presídio. Tem muros altos e cercas. Mas, pelo lado de dentro, a Apac tem outra cara. O verde e a calma percebida nos corredores evidenciam um método diferente adotado para ressocializar presidiários, que na entidade são tratados pelo termo “recuperandos”.

“Quando eles chegam aqui, normalmente estão algemados e de uniforme. A primeira coisa que se faz é retirar as algemas e colocar uma nova roupa. Aqui eles são chamados não pelo número, mas sim pelo nome”, explicou Evangelista Lopes, presidente da Apac na cidade.

Os números provam a eficácia do método adotado pela Apac. Enquanto um detento do sistema prisional comum custa R$ 2,5 mil por mês aos cofres públicos, na associação ele sai a R$ 850 por mês. O índice de reincidência criminal é de menos de 30{4f38b4b7d8b4b299132941acfb1d57d271347fbd28c4ac4a2917fcb5fee07f0b}. Muito menor que os 70{4f38b4b7d8b4b299132941acfb1d57d271347fbd28c4ac4a2917fcb5fee07f0b} do sistema tradicional.

Os próprios recuperandos apresentam a estrutura e a rotina do local aos visitantes. São eles também os responsáveis pelas chaves das celas e pela manutenção da associação. Após o café da manhã, hora do trabalho. No regime fechado as oficinas laborais em madeira e tricô são obrigatórias.

Todos têm acesso a farmácia, serviços odontológicos e a uma biblioteca. João Marcelo de Oliveira, que chegou a roubar e traficar, sabe que a oportunidade que tem na Apac pode mudar a vida dele. “Tenho vontade de sair, ter um emprego, constituir uma família e fazer uma faculdade”, ele disse.

No regime semiaberto, as oficinas são profissionalizantes. Os mais de 160 recuperandos em Itaúna aprendem a trabalhar como marceneiros, padeiros e operadores de serviços rurais.

Os trabalhos rurais são valorizados. Perto da horta, um fato impressionante: a única divisão entre recuperandos e a rua é uma cerca de aproximadamente dois metros de altura.

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