O atirador foi detido pela PM e levado para o 70º DP (Sapopemba) – Foto Paulo Pinto / Agência Brasil
Uma aluna morreu e três estudantes ficaram feridos, nesta segunda-feira,23/10, após um ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo.
Outras duas alunas da escola foram baleadas no ataque. Elas foram socorridas e levadas para o pronto-socorro do Hospital Sapopemba com ferimentos no ombro e no tórax. Um terceiro aluno, que se machucou na correria, já recebeu alta. Todos os feridos foram levados para o Hospital Geral de Sapopemba.
De acordo com informações da Polícia Militar, por volta das 7h30 um aluno de 16 anos, estudante do 1º ano do ensino médio do colégio, entrou na escola e efetuou diversos disparos. Ele seria vítima frequente de bullying por parte dos colegas da escola.
O atirador foi detido pela PM e levado para o 70º DP (Sapopemba). Uma câmera de segurança registrou o momento em que o atirador entra em uma sala de aula, cheia de alunos, e efetua disparos. Há correria, e alunos deixam a sala em meio a tumulto.
A aluna Giovanna Bezerra, de 17 anos levou um tiro na cabeça e faleceu. As duas feridas foram socorridas e levadas para o pronto-socorro do Hospital Sapopemba, com ferimentos no ombro e no tórax. O estado de saúde delas ainda não foi divulgado. Um terceiro estudante, que se feriu ao fugir, foi socorrido e já recebeu alta.
Dezenas de viaturas da PM, do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do Corpo de Bombeirosforam acionados. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, chegaram à escola pouco antes das 10h.
O governo de São Paulo lamentou o ataque e expressou solidariedade às vítimas e famílias:
O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, também usou a rede social X para expressar solidariedade às vítimas, famílias e à comunidade escolar. Segundo o ministro, “o Laboratório de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça foi acionado para auxiliar a polícia de São Paulo a aprofundar as investigações”.
Ainda de acordo com a nota divulgada pelo governo estadual, a Polícia Militar também apreendeu a arma usada no crime.
Aluna morta
A avó da estudante Giovanna Bezerra, 17, morta, nesta segunda-feira, disse que a adolescente estava feliz porque havia começado um curso novo no período da tarde, remunerado.
“Ela estudava de manhã e tinha começado a fazer um curso. Com o primeiro salário que ela recebeu ela ficou tão feliz que [disse que] ia estudar mais”, contou Luzia de Carvalho Silva, avó da estudante, em entrevista à rádio CBN.
Luzia disse que já tinha ouvido a respeito de um possível ataque à escola.
“Nunca esperava, mas todo mundo já sabia que ia acontecer alguma coisa nessa escola, porque há muito tempo estão falando que tava tendo ameaça lá. Por que não fizeram as coisas antes?”, questionou a avó.
Bulliyng
Segundo Jéssica Mattos, mãe de uma estudante da unidade, o menino era constantemente alvo de humilhações. Ela contou que ele, inclusive, foi alvo de agressões físicas dentro da escola.
“Ele era agredido e os alunos filmaram um dos episódios em que ele apanhou dentro de sala de aula“, disse Jéssica.
A filha de Jéssica estava na escola quando os disparos foram efetuados. Ela contou que os estudantes se esconderam nas salas de aula, trancaram as portas e colocaram cadeiras para evitar que o atirador entrasse.
“Eles ficaram escondidos dentro das salas até que uma funcionária apareceu para orientá-los a sair da escola”, contou.
Vítimas
A adolescente que teve alta completará 16 anos na próxima quarta-feira (25). Ela levou um tiro na região no abdômen e havia sido levada para o hospital Estadual de Sapopemba.
De acordo com o pai da estudante, os médicos disseram que o projétil entrou e saiu do corpo da garota – entrou embaixo do peito e saiu pelas costas, sem atingir órgãos vitais.
Ela foi medicada e, ainda segundo o pai, a equipe médica considerou melhor que a recuperação ocorra em casa, para evitar contaminação por bactérias do ambiente hospitalar.
O pai contou que recebeu uma ligação da filha às 7h30, avisando que havia sido baleada. Ele disse que no início pensou se tratar de uma brincadeira, mas disse que a filha reafirmou que estava ferida e pediu que ele fosse até a escola.
Ele disse que, ao chegar na E.E. Sapopemba, que fica próxima à casa da família, viu muitos alunos correndo. Entrou no colégio e encontrou a filha no andar superior, caída no chão e com a mão na barriga.
O pai contou que pegou a filha no colo e pediu ajuda a um policial militar que chegava na escola, que os levou até o Hospital Sapopemba.
Ele disse ainda não saber porque a filha foi baleada e afirma acreditar que ela possa ter sido atingida aleatoriamente.
Outros casos
O ataque à Escola Estadual Sapopemba, em São Paulo, em que um aluno de 16 anos matou uma estudante e feriu outras duas, é o 36º desse tipo no Brasil desde o primeiro caso registrado – que ocorreu em 2001 em Macaúbas (BA).
No último dia 10, um ataque à Escola Profissional Dom Bosco, em Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, deixou um estudante de 14 anos morto e outros três feridos. O ataque foi realizado por um ex-aluno do colégio, que usou uma faca na ação.O crime aconteceu no horário de saída de alunos. Segundo policiais, o autor do ataque teria afirmado que aproveitou a movimentação de estudantes e pais no local e saiu “esfaqueando aleatoriamente”.Ele disse à Polícia Militar que buscava vingança por ter sofrido bullying enquanto estudava na instituição.
Em 19 de junho, um ataque a tiros no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná, deixou dois alunos mortos um casal de adolescentes. O autor do ataque era um ex-aluno de 21 anos. Ele foi encontrado morto dias depois na prisão.
Na manhã de 5 de abril, um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), e matou quatro crianças. As vítimas são três meninos e uma menina, com idade entre 5 e 7 anos. Uma machadinha e um canivete foram usados na ação, segundo o tenente Márcio Filippi, comandante do 10º BPM (Batalhão da Polícia Militar). Conforme a apuração, o assassino chegou à escola em uma moto, pulou o muro e escolheu as vítimas aleatoriamente. Ao perceber que as professoras correram para proteger as demais crianças, ele tentou fugir pulando novamente o muro. Em seguida, se entregou.
Em 27 de março, a professora de ciências Elisabeth Tenreiro, 71, foi morta em um ataque na escola estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo. Ela era descrita como apaixonada pelas filhas e pelos netos. Um aluno de 13 anos a atacou com uma faca pelas costas. O agressor também feriu dois alunos e outras três professoras. O adolescente, que era aluno do 8º ano do ensino fundamental na escola, foi apreendido.
*Com O Tempo e Agência Brasil