A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (14) a sexta fase da Operação Lesa Pátria, que visa prender envolvidos com os ataques de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas.
Agentes foram às ruas nesta terça com oito mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão, todos emitidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da PF.
Os alvos estão em Goiás, Minas Gerais, Paraná, Sergipe e São Paulo. Eles participaram dos atos de vandalismo nos prédios públicos de Brasília, segundo a Polícia Federal.
Duas pessoas foram presas em Minas Gerais e três moradores do estado são consideradas foragidas.
Celso Teixeira de Jesus e Laudenir Vieira Rodrigues foram presos no interior mineiro. Já Alexandre Augusto Souza Carmo, Antônio Clésio Ferreira e Alcimar Francisco da Silva não foram encontrados e são considerados foragidos.
Alcimar é dono de lojas de roupas em Sete Lagoas, na Região Central de Minas Gerais. Ganhou fama nacional ao publicar, nas redes sociais, um vídeo em que aparece ao lado de um homem vestido com a camisa da Seleção Brasileira segurando o quadro do ex-presidente Jair Bolsonaro dentro do Palácio do Panalto, enquanto o prédio era depredado em 8 de janeiro.
“Meu herói aqui, estou na casa dele, na nossa casa”, dizia Alcimar no vídeo, enquanto exibia imagem do ex-presidente.
Já Clesio Ferreira é professor e foi candidato derrotado a prefeito de Ouro Preto, também na Região Central de Minas. Assim como Alcimar, participou da invasão aos prédios públicos em Brasília.
Preso em Brasília é alvo de busca e apreensão para coleta de mais provas
Em Sergipe, um mandado de busca e apreensão foi cumprido contra o bolsonarista Luciano Oliveira dos Santos, de Itabaiana – que está preso em Brasília desde 8 de janeiro, quando foi detido em flagrante durante a quebradeira.
Já no Paraná, agentes foram até Santo Antônio da Platina, no Norte do estado, para cumprir um mandado de prisão preventiva contra outro bolsonarista radical.
Operação é permanente, segundo a PF
A Lesa Pátria é tratada pela PF como permanente e os suspeitos de participação e financiamento são investigados por seis crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado; associação criminosa; incitação ao crime; destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
A qualificação dos crimes, porém, só deve ser feita ao fim das investigações, quando houver denúncia formal à Justiça pelo Ministério Público.
Mais de 900 radicais seguem presos em Brasília
Brasília foi cenário, em 8 de janeiro, dos mais violentos ataques às sedes dos Três Poderes da República. Apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram o Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF, em uma tentativa de derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito por meio das urnas em outubro e empossado uma semana antes dos atos bárbaros. Também queriam a destituição dos ministros da Suprema Corte.
A tentativa de devolver o poder a Bolsonaro acabou frustrada por uma tardia ação das forças de segurança, que levantou fortes suspeitas sobre a convivência e até ação direta de alguns dos seus integrantes, incluindo oficiais da Polícia Militar de Brasília e das Forças Armadas.
A reação no fim do fatídico dia resultou na prisão em flagrante de mais de quase 1,4 mil extremistas, ainda dentro dos prédios vandalizados e no acampamento no Quartel-General do Exército (QG), em Brasília.
Desses, ao menos 931 ainda seguem presos nos complexos da Papuda – onde ficam os homens – e da Colmeia – destinado às mulheres. Outras 459 pessoas detidas por suspeita de participação nos atos extremistas foram liberadas da cadeia, mas com uso de tornozeleira eletrônica e restrições como não usar redes sociais. Também continuam sob investigação, sujeitas a serem denunciadas à Justiça, condenadas e presas novamente, para cumprimento de pena.
Até o momento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou à Justiça 653 dos presos no QG. Os detidos em flagrante ou após o dia 8 vão responder individualmente pelos seus atos. Os promotores estão formalizando as denúncias à Justiça conforme o grau de envolvimento de cada investigado. O Ministério Público Federal (MPF) divide os alvos em quatro núcleos: executores materiais, autores intelectuais e instigadores, financiadores e agentes públicos que se omitiram.
Por O Tempo