
Houve um aumento de R$ 259 milhões em relação à última temporada – Foto Divulgação/Atlético
Em conversa com jornalistas na tarde desta quarta-feira (26/4), a diretoria do Atlético confirmou que fechou o ano de 2022 com uma dívida acumulada em aproximadamente R$ 1,57 bilhão. Esse valor, no final das contas, é ainda maior, pois não abrange os débitos da Arena MRV, estádio que ainda nem pode receber jogos.
Em 2021, os débitos estavam em R$ 1,312 bilhão, ou seja, um aumento de R$ 258 milhões em apenas um ano. Isso é um acréscimo de cerca de 19% nos déficits do clube, que vê a criação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) como um alento em sua crise financeira.
“Temos um plano B, mas estamos firmes no A. É a única maneira de sanear o clube. O futuro a gente precisa seguir com a SAF. Um segundo caminho seria transformar o clube em SAF tentando investidores locais, tentar fazer a Liga e uma redução mais drástica em relação a futebol. Estamos com um investidor bem avançado e outros dois em conversas paralelas”, contou Bruno Muzzi, CEO do Galo.
Segundo Muzzi e Paulo Braz, diretor financeiro, até a próxima sexta-feira (28/4) será publicado o seu balanço do ano passado, conforme previsto. No fim das contas, esse acréscimo de R$ 258 milhões se deve a: R$ 112 milhões com futebol, R$ 104 milhões com juros, R$ 29 milhões com contingências (eventualidades), e R$ 14 milhões com outros gastos.
“Manter um time significa renovações, ajustes de salários, luvas e comissões. Isso foi a decisão que se tomou. R$ 103 milhões dessa dívida é resultado financeiro: a receita foi R$ 97 milhões e a despesa de R$ 207 milhões. Houve ainda um investimento de R$ 112 milhões no futebol e R$ 29 milhões de contingências, ou seja, que vieram de ações judiciais”, explicou.
Arena MRV
No caso da Arena MRV, é outro CNPJ, ou seja, o Atlético não é o administrador oficial do estádio. Por isso, o balanço financeiro do espaço é diferente — dívida está na casa dos R$ 440 milhões.
“A arena é uma empresa independente no qual o Atlético tem cotas no fundo de investimento”, afirmou Muzzi, um dos controladores, com Renato Salvador, do hospital Mater Dei, e um fundo de investimento do Banco Inter, de Rafael Menin, um dos mecenas e conselheiros do Atlético.
A expectativa para o recebimento de jogos é, no mínimo, agosto de 2023. Ainda faltam R$ 100 milhões para a conclusão das obras.
Shopping
De acordo com Muzzi, a não venda da totalidade do DiamondMall atrapalhou os planos. No passado, a Multiplan adquiriu cerca de 50% do shopping, porém, a verba foi destinada para a construção da arena.
Em 2022, a mesma empresa acordou a aquisição da outra metade por R$ 340 milhões, mas recuou, e resolveu comprar apenas 25%. Os demais 25% do empreendimento, localizado ao lado da sede do Atlético, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, ainda são do clube e estão à venda. Dinheiro é justamente para o pagamento de dívidas.
Fluxo de caixa
Apesar do aumento das dívidas, em 2022, o Atlético fechou o ano com balanço positivo em relação ao seu fluxo de caixa. Confira:
Receita bruta: R$ 772 milhões
Gastos: R$ 702 milhões
Superávit: R$ 70 milhões
Bruno Muzzi considera que a folha de pagamento do futebol ainda está acima da ideal. Questionado se mais jogadores podem sair, respondeu: “A gente precisa cumprir o orçamento”. São R$ 8 milhões anuais acima do que considera um valor justo.
Por O Tempo