O Cessna Citation que se acidentou em Ubatuba nesta quinta-feira (9) precisaria de mais pista do que a disponível no aeroporto de Ubatuba para pousar em segurança, apontam dados da fabricante da aeronave e do próprio aeroporto.
A aeronave, prefixo PR-GFS, ultrapassou a pista do aeroporto de Ubatuba, no Litoral de São Paulo, e explodiu na praia do Cruzeiro. O piloto morreu. Os quatro passageiros, um casal e dois filhos, foram resgatados com vida.
Um vídeo mostra a aeronave saindo do aeródromo, cruzando a pista que margeia a praia e chegando à faixa de areia em chamas. Ainda não há informações sobre a causa do acidente.
Segundo a concessionária rede VOA, responsável pelo aeroporto, as condições meteorológicas “eram degradadas, com chuva e pista molhada”.
A pista de Ubatuba tem distância oficial de 940 metros, mas apenas 560 metros estão disponíveis para uso na direção em que pousou. Significa que, ao calcular o voo, o piloto precisa levar em conta que tem 560 metros para tocar o solo e pousar a aeronave.
A informação consta na publicação oficial da Aeronáutica sobre o aeroporto de Ubatuba e foi confirmada pela concessionária. A descrição, em linguagem aeronáutica, é: RWY 09 FST 380M CLSD para LDG (Pista 09 primeiros 380 metros fechados para pouso). A pista 09 é a que vai em direção ao mar —é a mesma em que o avião pousou.
Mesmo no cenário mais favorável, com pista molhada e o avião muito leve, o Cessna precisaria de 685 metros para parar —o que também seria insuficiente.
A capacidade de um avião pousar numa determinada pista leva em consideração peso, temperatura, pressão atmosférica, condição do vento e se a pista está seca ou não. Pistas molhadas aumentam a necessidade de mais comprimento para a a aeronave frear.
O aeroporto de Ubatuba não é controlado. Significa que não há controle de tráfego aéreo, e a coordenação é feita entre os próprios pilotos. O planejamento de voo também cabe ao piloto.
A ultrapassagem dos limites da pista em Ubatuba é conhecida como “excursão de pista” e pode acontecer durante o pouso ou decolagem. De acordo com um relatório do Cenipa, órgão da Aeronáutica responsável por investigar acidentes aéreos, o Brasil teve em média 28 casos por ano entre 2004 e 2013.
O Cenipa investigará as causas do acidente.
*Com informações G1