Biomédica cometeu homicídio doloso e fez exercício ilegal da medicina, diz polícia

9/05/2023 | Centro-Oeste

 

Para a Polícia Civil, a biomédica Lorena Marcondes cometeu homicídio doloso – Foto: Mariana Gonçalves/g1

 

 

Para a Polícia Civil, a biomédica Lorena Marcondes cometeu homicídio doloso e exercitava ilegalmente a medicina ao submeter Íris Martins a uma cirurgia considerada de médio grande porte. A informação foi dada em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira 09/5, em Divinópolis.

 

“Ela não tinha local apropriado, ela não é habilitada para esse tipo de procedimento então ela incorreu no risco, e ela deve responder pelo resultado mais grave, que infelizmente foi a morte da vítima. Então ela responde pior homicídio doloso, com dolo eventual, que é aquele que não tinha intenção, mas ela assumiu o risco.”, disse Marcelo Nunes, delegado que está à frente do caso.

 

Nunes ainda explicou que o risco foi assumido porque a biomédica não estava habilitada para fazer o procedimento, além de não dispor de equipamento para tentar salvar a vítima no caso de uma intercorrência grave.

 

Lorena Marcondes também poderá responder por fraude processual.

 

“Nós temos informações de que forma retirados materiais de dentro do consultório em sacos pretos e até malas, e isso pode agravar a pena”, afirmou Nunes.

 

Lorena Marcondes também poderá responder por fraude processual – Foto: Reprodução/Instagram

 

 

A auxiliar da biomédica, Ariele Cristina de Almeida Cardoso também pode responder pelos mesmos crime. Segundo a polícia, ela foi conivente com a conduta ilegal da biomédica.

 

“Apesar dela ter ficado em silêncio e não esclarecido a sua participação no crime, há testemunhas de que ela também participou do procedimento, e ela como técnica não poderia fazer esse tipo de procedimento e nem mesmo auxiliar uma profissional que não é habilitada”, disse o delegado.

 

A vítima de 46 anos se submetia à retirada de gordura abdominal para enxerto nas nádegas na manhã de segunda-feira (8) quando se sentiu mal e teve uma parada cardiorrespiratória. Ela foi socorrida pelo Samu e levada para o Complexo de Saúde São João de Deus, mas morreu à noite.

 

De acordo com o delegada regional Flávio Destro, o corpo de Íris estava com dez perfurações na barriga, e outras duas, uma em cada nádega.

 

Íris teve que ser socorrida depois de se sentir mal, mas não resistiu – Foto Redes sociais/Divulgação

 

 

O procedimento, segundo o marido de Íris, Amauri Clarisney Martins disse à PM, custou R$ 12 mil. Na última sexta-feira 05/5, o casal pagou R$ 650 e o restante do valor foi pago via transferência bancária para a clínica, onde a paciente deu entrada às 6h30.

 

Durante buscas feitas na tarde de segunda-feira na clínica localizada na Rua São Paulo, no Centro da cidade, a polícia apreendeu o celular e computador da clínica, além do computador pessoal da biomédica.

 

“A polícia técnica apreendeu fichas de avaliação de pacientes, recolhemos os conteúdos das lixeiras, das caixas de descartes de injetáveis e resíduos, coletamos equipamentos médicos e cânulas. Coletamos também solventes e soluções que são utilizados para desinfecção de instrumentos hospitalares.” disse a perita Paula Lamounier.

 

A perita técnica não encontrou no local o equipamento cirúrgico utilizado na paciente e tampouco a ficha de avaliação de Íris ou informações sobre a quantidade de anestésico usado durante o procedimento

 

A Polícia Civil ainda solicitou as imagens das câmeras de segurança do edifício onde fica localizada a clínica de Lorena Marcondes.

 

O delegado Marcelo Nunes disse que existem outras investigações contra Lorena Marcondes em andamento na Policia Civil.

 

Ao g1 a assessoria jurídica que faz a defesa da biomédica, Controladoria Jurídica Juk Cattani, disse que não vai se manifestar. A reportagem não conseguiu localizar a defesa da auxiliar.

 

 

Por G1 

 

 

 

 

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