Para a Polícia Civil, a biomédica Lorena Marcondes cometeu homicídio doloso e exercitava ilegalmente a medicina ao submeter Íris Martins a uma cirurgia considerada de médio grande porte. A informação foi dada em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira 09/5, em Divinópolis.
“Ela não tinha local apropriado, ela não é habilitada para esse tipo de procedimento então ela incorreu no risco, e ela deve responder pelo resultado mais grave, que infelizmente foi a morte da vítima. Então ela responde pior homicídio doloso, com dolo eventual, que é aquele que não tinha intenção, mas ela assumiu o risco.”, disse Marcelo Nunes, delegado que está à frente do caso.
Nunes ainda explicou que o risco foi assumido porque a biomédica não estava habilitada para fazer o procedimento, além de não dispor de equipamento para tentar salvar a vítima no caso de uma intercorrência grave.
Lorena Marcondes também poderá responder por fraude processual.
“Nós temos informações de que forma retirados materiais de dentro do consultório em sacos pretos e até malas, e isso pode agravar a pena”, afirmou Nunes.
A auxiliar da biomédica, Ariele Cristina de Almeida Cardoso também pode responder pelos mesmos crime. Segundo a polícia, ela foi conivente com a conduta ilegal da biomédica.
“Apesar dela ter ficado em silêncio e não esclarecido a sua participação no crime, há testemunhas de que ela também participou do procedimento, e ela como técnica não poderia fazer esse tipo de procedimento e nem mesmo auxiliar uma profissional que não é habilitada”, disse o delegado.
A vítima de 46 anos se submetia à retirada de gordura abdominal para enxerto nas nádegas na manhã de segunda-feira (8) quando se sentiu mal e teve uma parada cardiorrespiratória. Ela foi socorrida pelo Samu e levada para o Complexo de Saúde São João de Deus, mas morreu à noite.
De acordo com o delegada regional Flávio Destro, o corpo de Íris estava com dez perfurações na barriga, e outras duas, uma em cada nádega.
O procedimento, segundo o marido de Íris, Amauri Clarisney Martins disse à PM, custou R$ 12 mil. Na última sexta-feira 05/5, o casal pagou R$ 650 e o restante do valor foi pago via transferência bancária para a clínica, onde a paciente deu entrada às 6h30.
Durante buscas feitas na tarde de segunda-feira na clínica localizada na Rua São Paulo, no Centro da cidade, a polícia apreendeu o celular e computador da clínica, além do computador pessoal da biomédica.
“A polícia técnica apreendeu fichas de avaliação de pacientes, recolhemos os conteúdos das lixeiras, das caixas de descartes de injetáveis e resíduos, coletamos equipamentos médicos e cânulas. Coletamos também solventes e soluções que são utilizados para desinfecção de instrumentos hospitalares.” disse a perita Paula Lamounier.
A perita técnica não encontrou no local o equipamento cirúrgico utilizado na paciente e tampouco a ficha de avaliação de Íris ou informações sobre a quantidade de anestésico usado durante o procedimento
A Polícia Civil ainda solicitou as imagens das câmeras de segurança do edifício onde fica localizada a clínica de Lorena Marcondes.
O delegado Marcelo Nunes disse que existem outras investigações contra Lorena Marcondes em andamento na Policia Civil.
Ao g1 a assessoria jurídica que faz a defesa da biomédica, Controladoria Jurídica Juk Cattani, disse que não vai se manifestar. A reportagem não conseguiu localizar a defesa da auxiliar.
Por G1