Brasil tem a maior taxa de juros reais do mundo

7/05/2023 | Brasil

A justifica dos juros altos é manter recursos na poupança e aplicações – Foto Reprodução Jornal Contábil

 

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, na quarta-feira (3/5), em sua primeira decisão após a apresentação do novo arcabouço fiscal pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

A entidade manteve o tom conservador e, em sua justificativa, chegou a dizer que poderia aumentar a taxa nas próximas reuniões, caso a inflação, que está em desaceleração no país, voltasse a subir. A decisão da última reunião manteve o Brasil no topo dos juros mundiais. Sendo primeiro em taxa real (descontada a inflação) e o segundo país com a maior taxa nominal, atrás apenas da Argentina, de acordo com levantamento da MoneYou em parceria com Infinity Asset Management.

 

Em sua justificativa para manter a taxa Selic em 13,75% na última quarta-feira (3/5), o Copom do Banco Central informou que “considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, disse o BC no comunicado.

 

Na prática, a decisão de manter os juros altos afeta a economia ao encarecer o crédito, por exemplo. Grandes cadeias produtivas, como automóveis e construção civil, para venda de carros e imóveis, dependem do crédito para o consumo dos produtos, girando setores com grande número de fornecedores, geradores de mão de obra e de renda e impostos.

 

A justifica dos juros altos é manter recursos na poupança e aplicações, reduzindo a demanda e forçando a oferta a baixar preço, no intuito de segurar a inflação.

 

“O comitê (Copom) reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, informou o BC.

 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apura a inflação oficial do país, atingiu 0,71% em março, desacelerando em relação a fevereiro, quando ficou em 0,84%, e atingindo o menor patamar desde janeiro de 2021. Em março de 2022, o IPCA chegou a 1,62%. No ano, o índice acumula elevação de 2,09% e, nos últimos 12 meses, de 4,65%, percentual menor do que os 5,60% registrados no período imediatamente anterior, mas ainda um acima do centro da meta, que é de 3,25%. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é considerada alta pelo governo e boa parte do mercado.

 

Com juros a 13,75% ao ano, a taxa brasileira só não é maior do que a da Argentina em termos nominais (sem descontar a inflação). No país vizinho, os juros referenciais são de 91%. O Brasil vem na segundo posição e, logo em seguida, aparece a Colômbia (13,25%).

 

Descontando a inflação, o Brasil lidera o ranking feito pela MoneYou e Infinity Asset Management. Em cenário prospectivo, a taxa de juros atual, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses no Brasil, é de 7,29%. No mesmo cenário, o segundo país do ranking é México, com 6,13%.

 

Confira o ranking das taxas de juros ao em cada pais, elaborada pela MoneYou e Infinity Asset Management:

 

Ranking mundial de juros reais (taxas de juros atuais)

 

Brasil 7,29%
México 6,13%
Colômbia 5,13%
Chile 4,89%
Filipinas 2,62%
Indonésia 2,48%
África do Sul 2,37%
Turquia 2,20%
Israel 1,65%
Hong Kong 1,55%
Nova Zelândia 0,55%
Malásia 0,54%
Reino Unido 0,25%
China 0,22%
Rússia 0,20%
Estados Unidos 0,08%
Índia -0,10%
Coreia do Sul -0,17%
Espanha -0,26%
Grécia -0,30%
Taiwan -0,53%
Suíça -0,66%
Dinamarca -0,72%
Tailândia -0,78%
Bélgica -0,78%
Holanda -0,83%
Cingapura -1,12%
Canadá -1,17%
Austrália -1,56%
França -1,63%
Portugal -1,63%
Japão -1,94%
Alemanha -2,29%
Áustria -2,46%
Itália -2,46%
Hungria -2,94%
República Checa -3,16%
Suécia -3,50%
Polônia -5,37%
Argentina -13,02%

 

 

Taxa de juros nominais (sem descontar a inflação)

Argentina 91,00%
Brasil 13,75%
Colômbia 13,25%
Hungria 13,00%
Chile 11,25%
México 11,25%
Turquia 8,50%
África do Sul 7,75%
Rússia 7,50%
República Checa 7,00%
Polônia 6,75%
Índia 6,68%
Filipinas 6,25%
Indonésia 5,75%
Hong Kong 5,25%
Nova Zelândia 5,25%
Estados Unidos 5,00%
Canadá 4,50%
Cingapura 3,78%
Israel 4,50%
China 4,35%
Reino Unido 4,25%
Austrália 3,85%
Alemanha 3,75%
Áustria 3,75%
Espanha 3,75%
Grécia 3,75%
Holanda 3,75%
Portugal 3,75%
Suécia 3,75%
Bélgica 3,75%
França 3,75%
Itália 3,75%
Coreia do Sul 3,50%
Malásia 3,00%
Dinamarca 2,60%
Tailândia 2,00%
Taiwan 1,88%
Japão -0,10%
Suíça -0,75%

 

Por O Tempo

 

 

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