Bullying nas escolas: Psicólogo explica como ajudar a combater o problema

26/12/2018 | Destaque, Educação, Itaúna

Foto: Infoescola/Bullying nas escolas: Psicólogo explica como ajudar a combater o problema

Alisson Eustáquio*

O bullying nas escolas pode ser mais comum do que parece. Crianças e adolescentes podem sofrer psicologicamente por causa de apelidos e brincadeiras de mal gosto. Para que os pais possam detectar se seus filhos estão sofrendo com bullying na escola, o psicólogo Nilmar Silva explica que existem comportamentos sutis que podem ajudar a combater o problema.

Todos sabemos que, até pouco tempo, o que hoje reconhecemos como bullying era visto como “briguinhas de criança”, implicâncias bobas e até brincadeiras normais, como colocar apelido em um colega. Ou seja, o bullying sempre existiu, mas pouco era sistematizado e estudado. Além disso, as famílias tinham menos informação para lidar com esse problema e apenas os mais graves eram levados a sério pela família, que junto com a escola procurava intervir de alguma forma.

A escola é o local mais suscetível à prática de bullying. As crianças e os adolescentes, por estarem em fase de formação, também vivenciam necessidade de autoafirmação e, às vezes, não estão acostumados a conviver com diferenças. Pode vir daí a origem dessas práticas inaceitáveis de discriminação e superioridade.

Em entrevista ao Jornalismo Santana FM, Nilmar Silva que é psicólogo, professor, filósofo e especialista em educação explica que devemos ter bastante atenção no que falamos para as pessoas, pois isso pode afetar e muito a vida de alguém, principalmente se tratando de crianças e adolescentes.

“O Bullying diz respeito a nomeações, aos adjetivos, segregações, ou seja, preconceitos que podem deixar marcas muito difíceis de serem modificadas na nossa vida. Uma vez que a nossa personalidade é construída na relação com o outro, esse outro, as pessoas a quais convivemos elas podem tanto afirmar como podem negar em nós aquilo que somos. Portanto psicologicamente falando é preciso que fiquemos atentos ao o que falamos para as pessoas, aos adjetivos que usamos, as piadas e os nomes e a forma inclusive que a gente trata qualquer uma delas. Porque essas experiencias podem ser positivas ou elas podem ser muito negativas também nos nossos relacionamentos. Então essa questão do bullying pode afetar e muito, sobretudo as crianças e adolescentes. É comum a gente encontrar clinicamente casos onde as pessoas estão sofrendo nas escolas, as vezes nos grupos de pessoas que elas convivem, essa questão de tudo que elas escutam sobretudo”, disse Nilmar.

O psicólogo destaca dois trabalhos que podem ser realizados para identificação e prevenção ao bullying.

“Os trabalhos podem ser diversos, mas eu vou destacar aqui dois que podem ser muito importantes. O primeiro deles é aquele que pode ser realizado nas escolas por exemplo, ele tem um caráter mais preventivo. O psicólogo pode realizar rodas de conversas, palestras, teatros, enfim, a uma enorme gama de possibilidades para conscientizar as pessoas, não só os alunos e alunas, mas também pais e demais educadores na importância da acolhida. Principalmente na acolhida da diversidade, daquilo que é diferente. Uma vez que é na escola que a gente aprende inicialmente a lidar com quem é diferente da gente e diferente da nossa família. O segundo tipo de trabalho que eu também acho importante, é um que é mais de letivo, tão importante quanto o primeiro. Ele se trata do atendimento psicológico especialmente para pessoas que já passaram ou estão passando algum sofrimento por causa bullying. Portanto o pai, a mãe e as demais pessoas que identificarem algum comportamento muito diferente do habitual, especialmente com crianças e adolescentes, essas pessoas por exemplo podem identificar comportamentos como isolamento, irritabilidade, agressão, tristeza e se isso perdurar é muito necessário que se procure um profissional da psicologia para verificar o que está acontecendo”, explica o especialista.

Segundo Nilmar, a família tem um papel importante para nesses casos. Os familiares precisam dar apoio e segurança.

“A família precisa trabalhar com a função do apoio e segurança dessas pessoas que estão sofrendo com o bullying, então de nada vai ajudar frases como “você é muito momento” e “isso é mimimi”. Pelo contrário, elas podem é dificultar as coisas. Conversar com crianças e adolescentes, oferecendo o espaço de escuta, não significa concordar ou discordar de tudo que se fala. Significa como adulto, ajuda-la avaliar a situação e fortifica-la para que ela possa lidar com os enfrentamentos. Além de colher as informações necessárias para tentar solucionar o problema, como identificar por exemplo quem são esses agressores, quem são as pessoas que estão cometendo o bullying e quais os responsáveis nessa situação”, conclui Nilmar.

*Estagiário supervisionado por Paloma Guimarães

Veja também