Bombeiro diz: Henrique escapou de acidente quase sempre fatal

28/06/2020 | Minas Gerais

Foto: Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS

 

O capitão Tiago Costa, do Corpo de Bombeiros, disse que é improvável uma vítima sair ilesa do tipo de acidente que teve o jogador Henrique, do Cruzeiro, na última sexta-feira (26). O carro no qual o atleta estava ficou completamente deformado após queda no Mirante do Jatobá, no Parque Estadual do Rola Moça, em Brumadinho. O veículo desceu capotando e foi encontrado a cerca de 200 metros da estrada.

 

“Foi uma operação de nível alto de dificuldade, sem dúvida. Chama atenção (Henrique ter saído com poucos ferimentos), porque a possibilidade de sair vivo e com poucas lesões de um acidente deste é realmente algo inesperado, é pequena”, disse Tiago Costa, em entrevista ao Superesportes.

 

De acordo com o capitão, o nível de segurança do veículo, uma Land Rover, evitou uma tragédia ainda maior. “A segurança do carro foi um fator relevante para ele não ter morrido”, frisou. Por ser um local de difícil acesso, o carro ainda não foi retirado.

 

 

Operação durou 5 horas

 

Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação

 

Ao todo, 16 bombeiros participaram da operação, que durou cerca de cinco horas. Também havia militares e brigadistas do Parque Estadual do Rola Moça dando assistência. “Do momento em que chegou a viatura até a entrada no hospital, foi cerca de cinco horas. Chegamos por volta das 18h30. Ele entrou no hospital por volta de 23h30”.

 

Para descer o Mirante do Jatobá, os bombeiros usaram técnicas de rapel. A equipe foi dividida entre os que desceram para fazer o resgate e os que ficaram auxiliando da estrada.

 

“Havia uma equipe nossa fazendo uma atividade de prevenção no parque por causa do risco de incêndio. Eles foram deslocados imediatamente para o local e solicitaram reforço, porque viram que a situação era complexa”, disse o capitão Tiago.

 

“Quando chegamos, uma das equipes ficou na parte de cima do mirante montando o sistema para fazer o içamento da vítima, porque trabalhamos praticamente no plano vertical”, acrescentou o capitão.

 

A operação foi dificultada porque os bombeiros não conseguiam ver o veículo do jogador. “A gente via as marcas e destroços do veículo, mas não víamos o automóvel”, destacou Tiago.

 

Henrique retirado pelo teto solar

 

O Corpo de Bombeiros não chegou a fotografar o carro pela complexidade do resgate. O automóvel ficou em uma vala e poderia seguir descendo.

 

“O carro ficou preso, mas poderia cair. Isso complicou um pouco o nosso trabalho. Nós verificamos onde o veículo estava preso, fizemos a estabilização e procuramos uma estratégia para remover o Henrique, fazendo o mínimo de movimento e esforço para evitar uma queda do automóvel”, disse o capitão do Corpo de Bombeiros.

 

“Quando chegamos ao local exato, retiramos a vítima pelo teto solar do carro. Nós vimos o veículo e deu pra observar que ele estava no banco de motorista. E iniciamos o resgate”, relatou.

 

Capotamentos

 

Henrique estava desorientado e confuso no momento da operação. Por isso, não foi possível colher mais informações sobre o acidente com o atleta. As causas devem ser investigadas pela Polícia Civil.

 

“Ele estava consciente, mas um pouco confuso devido ao acidente com cinemática relevante. A energia envolvida no acidente é muito grande, o veículo  ficou totalmente deformado, provavelmente sofreu vários capotamentos”, frisou Thiago.

 

Henrique relatou dores na cabeça e no peito. “Ele falou sobre essa dores. E a nossa prioridade, apesar de ele ter somente escoriações, já que o carro desceu capotando mais de 200 metros, existia a possibilidade de lesão interna, e isso poderia agravar, sabíamos que seria uma subida demorada. Quando a gente encontrou o  veículo, a prioridade ficou em evitar agravar qualquer tipo de lesão. Ele foi totalmente imobilizado para fazer a remoção”, observou.

 

Algumas perguntas foram feitas ao jogador, mas nada sobre as causas do acidente. “Questões relativas a nível de consciência, sinais e sintomas. O foco da operação é em perguntas que podem auxiliar no resgate”.

 

O capitão do Corpo de Bombeiros explicou o processo para a retirada de Henrique do carro. “Ele foi colocado em uma maca específica para este tipo de resgate, que previne a hipotermia. Se a vítima entrasse em hipotermia, agravaria a situação. A partir do momento no qual foi imobilizado, fizemos um trabalho extremamente técnico, subindo por patamares, várias rotas de içamento, até chegar no ponto mais delicado, que é um ponto mais vertical”.

 

Thiago Costa elencou os obstáculos encontrados pelo Corpo de Bombeiros. “Local de difícil acesso principalmente em relação ao relevo do terreno e por ter sido uma operação durante a noite”.

 

Local do acidente

 

Fotografo do Estado de Minas foi até o local do acidente. Dois carros estavam no penhasco do Mirante do Jatobá. O de Henrique é o mais ao fundo. (Foto: Alexandre Guzanshe / EM DA PRESS)

 

Fotógrafo do Estado de Minas, Alexandre Guzanshe foi até o local do acidente neste sábado. Ele conseguiu observar dois carros no penhasco do Mirante do Jatobá. Os veículos estão muito destruídos, sendo difícil fazer a identificação. A região do Parque Estadual do Rola Moça é conhecida por ser uma área de descarte de carros velhos.

 

Polícia Civil

 

A Polícia Civil de Minas abriu procedimento para investigar as causas do acidente: “A PCMG informa que ao tomar conhecimento do fato abriu procedimento para analisar o que teria provocado a queda do veículo na ribanceira. Outras informações serão divulgadas em momento oportuno”.

 

Situação clínica

 

Em nota divulgada na manhã deste sábado, o Cruzeiro informa que o volante Henrique não teve ‘qualquer tipo de lesão ortopédica ou neurológica’.

 

Exames realizados não constataram nenhuma anormalidade. Segundo o clube, “o jogador está consciente e passa bem”.  O atleta continuará hospitalizado em observação “no período de 24 a 48 horas”.

 

Nota do clube

 

“O Cruzeiro Esporte Clube informa que os resultados dos exames realizados pelo atleta Henrique não apresentaram qualquer tipo de lesão ortopédica ou neurológica. Ele está consciente e passa bem.

 

Por precaução, o jogador seguirá internado em observação no Mater Dei, no período de 24 a 48 horas, acompanhado por médicos do Clube e profissionais do hospital”.

 

Por: Super Esportes

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