Fuzis, metralhadora: plano de militares para matar Lula

19/11/2024 | Brasil

As informações constam no relatório da Polícia Federal – Foto Reprodução

 

 

Militares das forças especiais do Exército, os chamados “kids pretos” usaram carros da corporação para monitorar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A intenção era sequestrá-lo e matá-lo envenenado ou com tiros e até bombas.

 

A ação seria desencadeada em 15 de dezembro de 2022 e incluiria os assassinatos do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), duas semanas antes da posse de ambos.

 

As informações constam no relatório da Polícia Federal (PF) que resultou na operação deflagrada na manhã desta terça-feira (19) e prendeu quatro oficiais do Exército e um policial federal. O relatório apresentado pela PF para pedir os mandados usados na “Operação Contragolpe” foi tornado público pelo STF ainda nesta terça, após as prisões dos suspeitos. Os detalhes da investigação levaram a Procuradoria-Geral da República (PGR) a endossar os pedidos concedidos pelo STF.

 

“O objetivo do grupo criminoso era não apenas ‘neutralizar’ o ministro Alexandre de Moraes, mas também extinguir a chapa presidencial vencedora, mediante o assassinato do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, conforme disposto no planejamento operacional denominado ‘Punhal Verde Amarelo’, elaborado pelo general Mário Fernandes”, afirma a PF no relatório.

 

General reformado, Mário Fernandes é um dos cinco presos na operação desta terça-feira. Ele foi secretário executivo da Presidência da República no governo Bolsonaro e assessor do ex-ministro e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) – ficou lotado no gabinete de Pazuello, que também é general do Exército, entre março de 2023 e março de 2024.

 

A PF encontrou o documento “Punhal Verde Amarelo” em um HD externo de Mário Fernandes. Em um capítulo, o general descreveu os armamentos que seriam necessários para concretizar o plano de assassinato de Moraes: pistolas e fuzis comumente utilizados por policiais e militares, “inclusive pela grande eficácia dos calibres elencados”; além de uma metralhadora, um lança granada e um lança rojão, “armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”.

 

Os ministros Moraes e Barroso, do STF, assistem ao desfile de 7 de Setembro – Foto Antonio Augusto/STF

 

 

O documento foi impresso pelo general no Palácio do Planalto em 9 de novembro de 2022, quando os telefones de Rafael Martins de Oliveira e Mauro Cid estavam conectados a rádios transmissores naquela área, o que leva a crer que eles também estavam na sede da Presidência da República. Posteriormente, o documento foi levado ao Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência, então ocupada por Jair Bolsonaro (PL).

 

Além de militares do Exército e ex-ajudantes de ordem do então presidente, Rafael Martins e Mauro Cid integram os chamados “kids pretos”, as Forças Especiais do Exército. Os “kids pretos” assim são conhecidos por causa das tocas de cor preta que costumam usar. Eles são altamente treinados com técnicas de ações de sabotagem e incentivo à insurgência popular. Essas ações são descritas pelo Exército como “operações de guerra irregular”. “Qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora, de qualquer maneira” é o lema dos “kids pretos”.

 

A PF concluiu que o “Punhal Verde Amarelo”, era um plano terrorista a ser executado por “kids pretos” com o objetivo de assassinar Lula, Alckmin e Moraes. O plano detalha os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações.

 

 

 

 

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