O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou nesta quinta-feira 19/9, o retorno do horário de verão em 2024. Se adotado, o adiantamento dos relógios em 1h (que é o que determina o horário de verão) aconteceria depois do 2º turno das eleições municipais.
A estratégia é encarada pelo governo como uma forma de deslocar o pico de consumo para um horário com mais geração solar, reduzindo a necessidade de acionar usinas termelétricas — caras e que poluem mais — para atender à demanda.
“Foi recomendado pelo ONS e aprovado pelo CMSE um indicativo de que é prudente, que é viável e que seria um instrumento apontado como importante a volta [do horário de verão]”, anunciou o ministro Alexandre Silveira, em entrevista coletiva nesta quinta-feira 19/9.
Contudo, Silveira disse que ainda não está convencido da necessidade do horário de verão, apesar da recomendação do comitê.
O ministro disse que há “tranquilidade de que não faltará energia” e que pretende analisar outras medidas antes, como adiantamento de linhas de transmissão e mudanças na operação da usina de Belo Monte.
A decisão final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e será uma determinação não apenas técnica, mas também política, já que o horário de verão mexe com a rotina da sociedade.
A intenção é que, se adotada, a mudança nos relógios aconteça ainda em 2024, depois das eleições, mas o tempo de duração ainda não foi determinado.
Com o horário de verão, o período do dia coberto com luz natural aumenta, o que pode reduzir esta demanda. O horário de verão foi extinto em abril de 2019, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A pedido do TSE, decisão só após as eleições
O governo do presidente Lula deve adiar para pelo menos depois das eleições municipais -em outubro- a implementação do horário de verão, que adianta os relógios em uma hora com o intuito de economizar energia elétrica.
A posição foi manifestada após pedido da presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Cármen Lúcia, que manifestou a integrantes do governo federal preocupação com a operacionalização das eleições.
Lula informou à ministra, por meio de interlocutores, que só não adiará essa decisão para após as eleições se o Brasil enfrentar uma crise energética grave em um futuro próximo, o que não está previsto por especialistas do setor.
Cármen Lúcia procurou os ministros José Mucio Monteiro (Defesa) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) para manifestar a sua preocupação com a notícia de que o governo Lula avaliava implementar neste ano o horário de verão, por causa da seca severa enfrentada pelo país.
A ministra disse que essa medida afetaria a operacionalização das eleições municipais. Disse que as urnas já estão programadas e lacradas em suas respectivas regiões e que haveria ainda um problema maior nos estados que seguem horário diferente do oficial de Brasília. Em alguns estados, mesários precisariam chegar às 3h para iniciar os preparativos.
Na semana passada, o Ministério das Minas e Energia confirmou que avaliava retomar o horário de verão como forma de tentar economizar energia, por causa da seca extrema que atinge o país.
O horário de verão é uma das alternativas na mesa do governo, que também já ampliou autorizações para o funcionamento de usinas termelétricas a gás. A seca também já causou o aumento da bandeira da conta de luz.
*Com informações G1 / FolhaPress