Contagem: O que se sabe sobre o caso do homem morto pela polícia

19/07/2022 | Minas Gerais, Polícia

 

Imagens registradas por moradores colocam dúvidas sobre versão apresentada pela PM – Foto Montagem

 

 

Desde que Marcos Vinícius Vieira Couto, de 29 anos, morreu durante uma abordagem policial, a família aguarda por respostas na apuração do homicídio. O caso aconteceu na madrugada de domingo (17), Vila Barraginha, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

Dois dias depois, veja o que foi divulgado até o momento.

 

O Crime

 

O homem estava em um bar, quando foi abordado por militares. De acordo com os parentes, os policiais afirmaram ter recebido uma denúncia de que Marcos estaria atirando no local. O homem negou ter uma arma. Mesmo assim, acabou morto.

 

“Ele já veio para executar o meu irmão. E nós queremos justiça”, diz a irmã de Marcos sobre a atuação do policial.

 

Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento em que um policial militar leva o suspeito, ainda rendido, para a frente de uma Kombi estacionada na porta do estabelecimento. Momentos depois, é possível ouvir os disparos. Marcos Vinícius morreu com um tiro que atingiu a cabeça dele.

 

A Polícia Militar contesta a versão da família. Informou que Marcos tem extensa ficha criminal por tráficos e drogas, porte e venda de armas. Além disso, a corporação afirma que os policiais perceberam um volume [que seria a arma] no bolso de trás do suspeito. A porta-voz da PM, major Layla Brunella, negou qualquer excesso ou exagero na abordagem

 

A arma do suspeito

 

A família disse que Marcos Vinícius não estava armado, assim como ele teria relatado aos policiais. Dessa forma, tanto a denúncia que motivou a abordagem, como a motivação para o disparo do militar, na opinião da família, não se sustentam. A suposta arma não foi apreendida.

 

A Polícia Militar confirma que não houve apreensão do armamento. Mas alega que o suspeito tentou reagir à abordagem enquanto era conduzido para uma área considerada segura. Os militares afirmam que Marcos tentou desarmar o policial e, por isso, foi alvejado.

 

Socorro

 

A família alega que Marcos Vinícius Vieira Couto foi levado para uma viatura, que seguiu com o corpo dele para o Hospital Municipal de Contagem. Parentes também foram para a unidade de saúde e, no local, receberam a informação de que Marcos Vinícius chegou sem vida à unidade. A versão é confirmada pela Secretaria de Saúde da cidade.

 

Durante entrevista coletiva, a porta-voz da Polícia Militar afirmou que Marcos Vinícius foi socorrido pela viatura até o Hospital Municipal de Contagem, onde teria chegado com vida. Ainda conforme a corporação, o homem morreu no hospital.

 

Alvará de soltura

 

O sargento Rodrigo Figueiredo Gomes, suspeito de atirar contra Marcos Vinícius, recebeu voz de prisão, ainda no domingo, e ficou detido na sede do 39º Batalhão, em Contagem, onde foi feito o flagrante.

 

Mas o policial militar foi solto nesta segunda-feira (18), pouco mais de 24 horas depois da abordagem policial. De acordo com a Justiça Militar de Minas Gerais, o caso indica estar dentro da legalidade.

 

“Inconteste é que neste momento não há necessidade da prisão cautelar, justamente porque o episódio indica ser revestido de legalidade”, diz a decisão do juiz João Libério da Cunha.

 

Câmeras na farda

 

O governo de Minas Gerais ainda não divulgou uma data para que os policiais militares passem a usar câmeras nas fardas. Mas garantiu a aquisição do equipamento. A previsão é que 4 mil policiais participem da primeira fase do projeto, prevista para este segundo semestre.

 

A medida é uma das promessas de campanha do governador Romeu Zema (Novo), realizada em 2018. Na época, ele disse que o objetivo era melhorar o tratamento da polícia com a população e também garantir uma melhor qualidade na coleta das provas criminais.

 

Ministério Público

 

O Ministério Público de Minas Gerais informou ter pedido o prontuário médico de Marcos Vinícius ao Hospital Municipal de Contagem. Com o documento, será possível determinar em que circunstâncias o homem chegou à unidade de saúde.

 

O órgão instaurou uma notícia fato – investigação preliminar – sobre o caso. A irmã de Marcos Vinícius vai ser chamada para prestar depoimento. Na sequência, será instaurado um Procedimento Investigatório Criminal (PIC).

 

Os trabalhos são conduzidos pelas Promotorias de Justiça de Controle Externo da Atividade Policial e da Vara do Tribunal do Júri de Contagem.

 

O MPMG foi acionado pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), que também alertou a Ouvidoria de Polícia do estado.

 

Segundo a comissão, essa foi a “terceira execução no local em menos de duas semanas” e, de acordo com denúncia à entidade, ocorreram porque “o suposto traficante e outros não pagaram os valores de suposta corrupção cobradas e devidas aos policiais”.

 

Por G1 

 

 

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