Um aumento na taxa de juros está no radar do Copom, o Comitê de Política Monetária, caso a inflação continue subindo. O Banco Central divulgou a ata da última reunião nesta terça-feira 06/8.
De acordo com o documento, o cenário para trazer a inflação para a meta – que é de 3% ao ano – está mais desafiador. Isso porque a atividade econômica e o mercado de trabalho estão mais aquecidos do que o esperado. E o processo de desinflação perdeu força.
O economista e professor da UnB, Cesar Bergo, diz que a preocupação do Banco Central tem sentido.
“A inflação tá resiliente e tendendo à alta. Então, reverteu aquela curva, que vinha caindo gradativamente, pra algo que vem subindo. Então, o Banco Central coloca que não é hesitará em fazer aumento da taxa de juros”.
Outro ponto é a percepção negativa do mercado financeiro sobre crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal.
O professor Bergo diz que, apesar de a arrecadação do governo crescer, as despesas ainda são maiores.
“Existe um questionamento com relação à condução da política fiscal até o final do ano e, sobretudo, àquela questão da banda, de até R$ 28 bilhões de déficit fiscal primário. O mercado ainda não acredita, porque entende que o corte de R$ 15 bilhões, anunciado pelo governo, ainda é insuficiente, porque as despesas vêm aumentando, acima do que aumenta a arrecadação”.
Além das questões internas, a ata cita as incertezas sobre os juros nos Estados Unidos.
O Copom afirmou que vai avaliar se a manutenção da Selic em 10,5% é o suficiente para puxar a inflação para a meta ou se será necessário um aumento da taxa básica de juros.