Covid-19: Parceria prevê produção de 100 milhões de vacinas

28/06/2020 | Brasil

 

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

 

O Ministério da Saúde anunciou neste sábado (27) uma parceria com a farmacêutica britânica AstraZeneca e com a Universidade Oxford, no Reino Unido, para a produção de 100 milhões de vacinas contra a Covid-19. Inicialmente, estão previstos 30,4 milhões de doses.

Nessa fase inicial, serão dois lotes de insumos e transferência de tecnologia: um em dezembro de 2020 e outro em janeiro de 2021.

O governo reconhece que a vacina ainda não é considerada segura nem eficaz, mas participará de seu desenvolvimento. Se comprovada a segurança e eficácia da vacina, o Brasil deverá produzir mais 70 milhões de doses.

Os custos da fase inicial, segundo o governo, são no valor total de U$ 127 milhões (R$ 695 milhões), incluídos os custos de transferência da tecnologia e do processo produtivo para Fiocruz, estimados em U$ 30 milhões (R$ 165 milhões).​ A população que faz parte do grupo de risco do novo coronavírus terá prioridade para a vacinação nesta etapa.

Na segunda fase, das 70 milhões de doses, o custo estimado é de US$ 2,30 por dose.

A ideia do governo é adquirir a tecnologia para produção da vacina que vem sendo desenvolvida pela Oxford, mesmo sem os resultados clínicos finais na prevenção contra o novo coronavírus.

“O governo federal considera que esse risco de pesquisa e produção é necessário devido à urgência pela busca de solução efetiva para manutenção da saúde pública e segurança para retomada do crescimento brasileiro”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco.

Os técnicos do governo ressaltaram que a vacina em desenvolvimento pela Oxford é a que está em estágio mais avançado no mundo e tem apresentado uma resposta imunológica bastante significativa, mas, se nos testes finais (ensaio clínico), a vacina não se mostrar segura, o governo não irá usá-la.

Em caso de um resultado frustrado na eficácia da vacina, o Ministério da Saúde diz que a parceria é positiva por permitir uma melhoria no parque tecnológico da Fiocruz e da BioManguinhos, laboratório da Fiocruz.

O acordo envolve a importação da matéria-prima (ingrediente farmacêutico ativo, já pronto) e conhecimento para a produção da vacina, que será finalizada pela Fiocruz no fim do ano e começo de 2021.

Na segunda etapa, que depende de comprovação de resultados clínicos da vacina, então, seria ampliada a compra do ingrediente farmacêutico ativo, mas a Fiocruz já terá mais autonomia de capacidade produtiva no Brasil.

Na última terça (23), o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello já havia informado que o acordo deveria ser assinado ainda nesta semana.

“Estamos fechando com a Casa Civil a assinatura e o compromisso de participação do Brasil. Estamos em ligações paralelas com a universidade e a AstraZeneca bem adiantadas, envolvendo a Fiocruz e a BioManguinhos (laboratório da Fiocruz)”, disse, em audiência com o Congresso na terça.

O objetivo do governo é evitar problemas identificados no início da pandemia, quando houve dificuldade no acesso a materiais necessários no combate à Covid-19.

“Agora avançaremos na prevenção da doença”, afirmou Franco, neste sábado, ressaltando que o Brasil é uma referência mundial em relação à vacinação, especialmente por causa do SUS (Sistema Único de Saúde).

O secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Correia de Medeiros, frisou que o Brasil já tem experiência na distribuição de vacinas e em campanhas de vacinação. Por isso, assim que produzidas, as vacinas precisam apenas de alguns dias para chegar à população.

O primeiro lote da primeira etapa da parceria, que inclui a produção de 15 milhões de vacinas, será focada no grupo prioritário (que apresenta maior risco ao coronavírus).

O governo também vai analisar a evolução da pandemia em casa estado do país para traçar a estratégia correta de distribuição das vacinas.

O plano do Ministério da Saúde é que as 100 milhões de doses sejam usadas para vacinar idosos, pacientes com comorbidade, profissionais de saúde, professores, indígenas, pessoas em privação de liberdade, profissionais de segurança pública, de salvamento e motoristas de transporte coletivo.

“Se nós tivermos segurança e eficácia da vacina, essa seria a cobertura que a vacina poderia alcançar”, afirmou Medeiros.​

 

Por: O Tempo 

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