“DA ÁRVORE DO SILÊNCIO PENDE SEU FRUTO, A PAZ”

21/01/2020 | Luiz Mascarenhas

Prof. Luiz MASCARENHAS*

Com esta citação de Schopenhauer- filósofo alemão do séc. XIX- passo a desenhar meus pensamentos para que indo além de mim, possam me tornar mais leve e quiçá contribuir para a adubação dos pensamentos de outrem, levando e elevando espíritos à busca incansável pela Paz.

Paz. Esta palavra tão pequena e tão cara ao ser humano segue fenecida nos horizontes da Terra Brasilis. No seio da nação brasileira precisamos, necessitamos, carecemos e demandamos pela Paz. E urge que esta Paz brote mais uma vez em nosso chão, ressequido por tantas tormentas que fazem secar o viço de ser brasileiro.

Na inquietação – justa e sentida- pela construção de novos tempos, aonde a teia da corrupção não jogue seus tentáculos avassaladores, estamos, na cegueira de uma esperança desmedida, atropelando nossa própria essência, gerando deformidades; cujas intempéries serão sentidas daqui a muitas gerações e do futuro virá um clamor acusatório: “o que fizeram com o nosso país?” .

Voltando a Shopenhauer, podemos lançar reflexões: “árvore do silêncio”…Se faz mister prover de silêncio o nosso derredor, começando pelo nosso interior. Estamos vivenciando longo período de muitas falas, muitas razões, muito tudo; conquanto a resposta a toda a nossa aflição social se deita sobre o silêncio.

Silêncio. Precisamos silenciar opiniões, relatórios, estatísticas e nervuras cartesianas que pipocam desde os botecos das esquinas, passando pelas mídias e redes virtuais e efervescendo nos palácios e governos. Todos falam. Todos falamos. Todos postamos. Todos compartilhamos. Todos tudo. O barulho ensurdecedor de nós mesmos não nos permite mais ouvir, escutar o que quer que seja.

Precisamos silenciar as armas e ouvir os pássaros. Precisamos silenciar o corpo e ouvir o espírito. Precisamos silenciar as bocas e ouvir os olhos. Precisamos silenciar os governos e ouvir as ruas. Precisamos silenciar as razões e ouvir as mãos. Precisamos silenciar o ódio e ouvir o amor. Precisamos silenciar as inquietudes e ouvir a Paz.

Está tudo aí – como sempre esteve. O sorriso, o canto, a poesia, a dança, o arrulhar dos pombos, a essência da Vida. Está tudo aí. Carecemos parar, imunes a tanto ódio, desarmados de tantas razões e escutar o coração da Pátria, que é e sempre foi de todos nós. Não apenas da Direita ou da Esquerda – mas de todos nós. Aonde foi que nos perdemos e nos afogamos na síndrome da política que salva? Política não nos trará redenção. Joga-nos na perdição de uma guerra fratricida sem nexo ou valia.

Precisamos até mesmo silenciar as palavras, que de tanto mau uso, perderam seus significados. Tornaram-se gastas e carcomidas pela mentira. Silenciar as mentiras pois a Verdade não necessita de gritos ou agitações: ela surge como o alvorecer, devagar e derrama e inunda de sol e luz tudo a seu derredor. Silenciemos as trevas, para dar vazão a luz.

A Paz é fruto da Justiça. Brasil, Pátria Amada, que não sejamos surdos à beleza de nossa brasilidade e nem permitamos que o barulho da tempestade nos impeça de abrir os olhos e ver o deslumbre apoteótico de uma noite de raios que se abre em mansa aurora, aonde a Paz possa brilhar e com ela a alegria de nossa gente possa florir.

Apesar de vocês, amanhã há de ser outro dia…

 

*Bacharel em Direito / Licenciado em História pela UNIVERSIDADE DE ITAÚNA

Historiador/ Escritor/ Membro Fundador da ACADEMIA ITAUNENSE DE LETRAS/

Autor de “Crônicas Barranqueiras” e coautor de “Essências”, “Olhares Múltiplos” e

“O que a vida quer da gente é coragem”/

Cidadão Honorário de Itaúna

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