Após criticar fortemente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua campanha eleitoral, o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, enviou uma carta ao petista. No texto, ele o convida para participar da sua cerimônia de posse, que ocorre em 10//11, em Buenos Aires, e ainda fala sobre “construção de laços”.
“Desejo que nosso tempo juntos como presidentes e chefes de governo seja uma etapa de trabalho frutífero e de construção de laços que consolidem o papel que Argentina e Brasil podem e devem desempenhar no conjunto das Nações”, diz um dos trechos da carta assinada por Milei.
O documento foi entregue neste domingo 26/11, pela deputada eleita e futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, na sede do Itamaraty, em Brasília. Na ocasião, segundo a assessoria da pasta, também foi tratado sobre o Mercosul, que é um dos alvos de crítica do presidente eleito.
Desde que venceu a corrida eleitoral, no último domingo, o argentino vem amenizando o tom contra figuras políticas que sempre criticou. Além de Lula, entram nessa conta o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping. Do ponto de vista econômico, as nações são parceiras importantes da Argentina.
Ainda na carta endereçada ao petista, Milei afirma que Brasil e Argentina possuem muitos desafios pela frente e que está convencido de que uma mudança econômica, social e cultural, baseada nos princípios da liberdade, poderá posicionar os países como competitivos e ajudar os cidadãos a desenvolverem ao máximo as suas capacidades.
“Sabemos que os nossos dois países estão intimamente ligados pela geografia e pela história e, com base nisso, queremos continuar a compartilhar em áreas complementares, ao nível da integração física, do comércio e da presença internacional, que permitam que toda essa ação conjunta se traduza em crescimento e prosperidade para argentinos e brasileiros”.
Com Bolsonaro como convidado, Lula vai avaliar se vai
O Ministério de Relações Exteriores do Brasil está atualmente avaliando a delegação que será enviada ao evento de posse, e se Lula irá participar. Isso porque além de ter feito críticas contra o presidente durante sua campanha eleitoral. Milei já havia convidado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), para a posse.
O economista, que se define como “ultraliberal e anarcocapitalista”, é chamado de “Bolsonaro argentino” por alguns. Por isso, há preocupação em como seria para Lula participar da cerimônia ao lado dos principais adversários políticos dele, e com a possibilidade de algum constrangimento.
A possibilidade de vitória de Milei era vista, inclusive, com preocupação pelo Palácio do Planalto. Ele chegou a dizer que, caso eleito, não iria fazer negócios com governos “comunistas”, como classificou o presidente brasileiro. Após a vitória dele, no último domingo 19/11, Lula parabenizou o novo governo argentino, mas não citou nominalmente o agora presidente eleito.
Além das críticas, Milei prometeu retirar o país do Mercosul e cancelar a entrada da nação no Brics, bloco que conta com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e terá o ingresso de outros cinco países em 2024. A adesão da nação da América do Sul foi intermediada, sobretudo, pelo petista.
*Com informações O Tempo