
Por causa de suspeita de interferência de Bolsonaro, caso vai para STF – Foto Evaristo Sá/AFP
Em diálogo por telefone interceptado pela Polícia Federal com autorização judicial, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro conta à filha que recebeu do “presidente” informação sobre provável busca e apreensão.
Mais: tanto Ribeiro quanto a filha demonstram preocupação de estarem sendo gravados pela PF em uma investigação, como a que levou à prisão do ex-ministro na quarta-feira (22).
A conversa aconteceu em 9 de junho. Portanto, 13 dias antes da operação.
Ouça o áudio em que Milton Ribeiro revela aviso de Bolsonaro sobre buscas:
“A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?”, disse Ribeiro para a filha, que não teve o nome revelado.
“Ele quer que você pare de mandar mensagens?”, pergunta a filha.
“Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?”, afirmou o ministro.
Por causa de suspeita de interferência de Bolsonaro, caso vai para STF
Trechos das conversas interceptadas pela PF embasaram o pedido do Ministério Público Federal para o caso dos pastores que comandavam um gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC) ser remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta sexta-feira (24), a Justiça Federal acatou o pedido do MPF.
No pedido, o MPF apontou “indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações”
O juiz Ricardo Borelli, da 15ª Vara de Justiça Federal de Brasília, que estava com o caso e autorizou a operação desencadeada na quinta, atendeu ao pedido do MPF. No STF, a relatora será a ministra Cármen Lúcia.
Na operação de quinta, agentes prenderam Milton Ribeiro, os dois pastores acusados de pedir propina para intermediar a liberação de verbas públicas para municípios mediante pagamento de propina, conforme denúncias feitas por prefeitos que estiveram com ambos em Brasília.