O ex-policial civil, apontado como principal suspeito da morte do delegado aposentado Hudson Maldonado, de 86 anos, se entregou na delegacia de Sete Lagoas, região Central de Minas Gerais, na manhã desta sexta-feira 24/5.
Hudson Maldonado foi delegado de polícia em Itaúna nos anos de 1970-1980, e também professor do curso de Direito da UIT no mesmo período. Depois de Itaúna ele ainda atuou em outras delegacias na região Centro-Oeste.
A informação foi confirmada pelo filho da vítima, que também atua como delegado em Brasília. Maldonado estava acamado quando foi queimado vivo.
De acordo com o familiar, que acompanha o caso desde a notícia da morte, o suspeito está dando depoimento nesta manhã. O filho, que tem o mesmo nome do pai, Hudson Maldonado, informou que o ex-policial civil deve ser encaminhado a um presídio, uma vez que existe pedido de prisão preventiva.
“Ele deve permanecer preso até o julgamento. Eu fico extremamente agradecido à Polícia Civil e à delegacia de Sete Lagoas, extremamente empenhada. Ele (o investigado) se entregou porque percebeu que não havia outra alternativa”, disse.
Maldonado filho lamenta a perda do familiar, principalmente da forma cruel como aconteceu. “Meu pai morreu de uma forma covarde. Estava indefeso”, desabafou. A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil e aguarda retorno sobre a atualização do caso.
Morte cruel
O delegado Hudson Maldonado Gama foi morto a facadas dentro da casa da família, em Sete Lagoas. O corpo dele foi queimado vivo após ser colocado entre dois colchões. O suspeito do crime foi flagrado por câmeras de segurança.
O ex-policial teria chegado na residência alegando que faria uma entrega, interfonou e rendeu a cuidadora que tomava conta do delegado, que tinha saúde debilitada em função de um AVC que teve há seis meses e estava acamado.
O filho do delegado, que tem o mesmo nome do pai e também é delegado, fez um post nas redes sociais lamentando a morte cruel de Hudson.
“Ele aguardou 18 anos e foi então à procura do meu pai, um homem idoso de 86 anos, já vítima de dois AVCs inválido que ficava sobre uma cama imóvel magro e praticou a barbárie. Ele matou meu pai a golpes de faca, o enrolou no colchão e ateou o fogo”, postou.
Ainda nas redes sociais, o filho da vítima detalhou a possível motivação para o crime.
“Ele é um ex-policial civil que, em 2006, foi expulso da gloriosa Polícia Civil de Minas Gerais em razão de corrupção. Essa expulsão se deu após uma senhora procurar o meu pai para atuar em sua defesa, pois estava sendo extorquida. (Ela estava sendo) vítima de extorsão praticada por esse então policial civil. Meu pai, já como advogado, produziu as provas, apresentou à corregedoria, o que ocasionou a demissão, a expulsão deste criminoso que, à época, ainda era policial civil”, enumerou.
Quem era a vítima?
Nascido na cidade Pará de Minas, a vítima é o delegado aposentado Hudson Maldonado Gama, de 86 anos. Ele era casado há 19 anos e a esposa afirmou que o idoso não tinha rivalidade com outras pessoas, tampouco tinha sido ameaçado.
Ela relatou, também, que ele apresentava um delicado estado de saúde, pois sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há pouco mais de seis meses. A vítima estava passando por reabilitação física e precisava de cuidados especiais 24 horas.
Segundo a família, Hudson deixou a Polícia Civil no ano de 1995, e fundou a delegacia de Sete Lagoas. Além da esposa, o delegado deixou nove filhos e 15 netos.
Motivação seria ‘vingança’
Segundo a PC, a suposta motivação do crime seria a exclusão do suspeito, o ex-policial civil, do quadro da instituição por meio de Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que contou com a participação da vítima à época. O ex-agente foi expulso após constatação de prática de transgressão disciplinar de natureza grave.
O caso segue sendo investigado pelas autoridades. Segundo a PC, a perícia e uma equipe de policiais compareceram ao local do crime nessa quarta-feira 22/5 e coletaram vestígios para subsidiar as investigações.
O corpo da vítima foi encaminhado ao Posto Médico-Legal do município, onde passou por exame de necropsia e, em seguida, foi liberado aos familiares.
O caso
O ex-delegado Hudson Maldonado, de 86 anos, que também era advogado criminalista, foi queimado vivo dentro de casa em Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, nessa quarta-feira 22/5.
A vítima estava em casa com uma cuidadora quando um homem a rendeu, entrou no quarto e ateou fogo.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e encontrou o corpo do ex-delegado carbonizado. As chamas da casa foram controladas antes da chegada dos militares. O imóvel foi isolado pelos agentes e a energia desligada.