Em viagem nos EUA, Bolsonaro se encontrou com Donald Trump – Foto JIm Watson/AFP
Em carta assinada por 46 congressistas, deputados norte-americanos pedem ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para revogar o visto diplomático do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL). Também solicitam que o Departamento de Justiça responsabilize “quaisquer atores baseados na Flórida que possam ter financiado ou apoiado os crimes violentos de 8 de janeiro”, quando extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, em uma tentativa mal sucedida de golpe de Estado.
Os parlamentares dos Estados Unidos pedem que Biden coloque o FBI, a polícia federal americana, para investigar se e como os ataques aos poderes e à democracia brasileiros foram planejados em território americano. A carta foi enviada ao presidente dos EUA na noite desta quarta-feira (11), quatro dias após os ataques em Brasília.
“O Sr. Bolsonaro voou para a Flórida antes do final de seu mandato (…) e estamos preocupados com os relatos de que ele atualmente reside em Orlando. Os EUA não devem dar abrigo a ele ou a qualquer autoritário que tenha inspirado tamanha violência contra as instituições democráticas. (…)”, recomendam os parlamentares americanos, na carta a qual o Washington Post teve acesso e publicou.
Também na quarta, um grupo de 32 legisladores democratas dos EUA e 38 brasileiros de diversos partidos divulgou uma declaração conjunta acusando o ex-presidente Donald Trump e seus ex-assessores Steve Bannon e Jason Miller de “encorajarem [o ex-presidente Jair] Bolsonaro a contestar os resultados das eleições no Brasil” e pedindo responsabilização pelos ataques à democracia.
Os legisladores apontam semelhanças entre os ataques ao Capitólio, em Washington, em 6 de janeiro de 2021, e os ao Congresso, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Palácio do Planalto, em Brasília, no último domingo. No texto, afirmam que “agitadores de extrema direita no Brasil e nos Estados Unidos” estão coordenando esforços para ameaçar a democracia.
Congressistas democratas querem que a Casa Branca deporte Bolsonaro. Joaquín Castro, que representa a minoria democrata no Comitê de Hemisfério Ocidental, disse à CNN americana que “os EUA não deveriam ser um refúgio para o autoritário que inspirou terrorismo doméstico no Brasil”. Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como AOC, parte da ala mais à esquerda dos democratas, postou no Twitter: “Os EUA precisam deixar de dar guarida a Bolsonaro”.
Bolsonaro precisa mudar visto para não ficar ilegal e ser deportado
Bolsonaro está na Flórida desde 30 de dezembro. Ele deixou o Brasil, um dia antes do fim do mandato, no avião presidencial, em voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Dessa forma, não passou a faixa ao sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, mas entrou nos EUA de posse de passaporte e visto diplomáticos – concedidos a chefes de Estado.
Na segunda-feira (9), o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, indicou que Bolsonaro não pode permanecer nos EUA com o visto de chefe de Estado. Se não procurar o governo norte-americano até o fim de janeiro para mudar a categoria do visto que o autoriza a permanecer em solo americano – como um de turista –, ele ficará em situação irregular e pode até ser deportado.
Depois de uma breve internação nos EUA por causa de uma obstrução intestinal, nesta semana, Bolsonaro disse à CNN Brasil que pretende voltar ao Brasil “nos próximos dias”. Antes, o plano, segundo ele, era ficar até o fim de janeiro nos EUA.
