Francis Allan, criador da campanha com Elis Regina, fala com a Rádio Santana

15/07/2023 | Itaúna

 

Os criadores e a criação: Francis Alan e Gustavo Tasselli com a imagem de Volks 70 anos – Foto Divulgação

 

 

Um vídeo foi produzido para comemorar os 70 anos da Volkswagen no Brasil, simulou um dueto entre Elis Regina, que morreu há 41 anos, e a filha dela, Maria Rita, um reencontro emocionante, embalado pela música “Como nossos pais”, de Belchior, que fez sucesso na voz de Elis na década de 1970.

 

O itaunense Francis Alan, que é diretor de arte teve uma participação importante na campanha. Em conversa com o Jornalismo da Santana FM, ele conta com muito bom humor, sua relação com a cidade e os bastidores da criação do vídeo

 

Quem é o Francis? Conte um pouco sobre você

 

“Eu sou cria de Itaúna filho da Nina, da loja “Nina Novidades” e do Grécio, do “Topa Tudo GT”,   irmão da Luciana da “Luna Fashion” e da Patty, da “Patrícia Modas”.  Tenho mais um monte de parente bacana na cidade, mas se eu fizer mais um mercham aqui vai pegar meio mal, né. Sou publicitário, mas tenho limites, ” ri 

 

“Eu morei (em Itaúna) até os 21 anos. Frequentei muito aquele extinto Half da praça, tomei umas 3 bombas no Estadual e depois fiz faculdade de Publicidade e Propaganda em Belo Horizonte. Tive a honra de morar junto nessa época com meu irmão Lucas Antunes, outro publicitário Itaunense e um dos mais respeitados e premiados do Brasil.

 

“Ralei por 5 anos em BH e tive a honra de ganhar o primeiro leão no festival de Cannes de Minas. Depois vim pra SP, trabalhei na agência DM9 por uns 5 anos e há uns 6 estou na Almap BBDO. Sem puxa saquismo, um lugar sensacional. Hoje tô casado com a Flora (mulher mais legal da terra) e entre trancos e barrancos, tentando não ficar doido e, se der, fazer umas coisas legais na propaganda” 

 

Como foi o processo de criação da peça? De onde surgiu a ideia?

 

“A área que cria as propagandas é formada por duplas: um redator e um diretor de arte. O redator fica mais responsável pelos textos e o diretor de arte, fica por conta da parte visual de uma campanha. Mas na hora de criar a ideia principal, os dois ficam batendo papo juntos,  bem informal, mas com foco em achar uma ideia bacana para o cliente” ,explica

 

“Eu sou diretor de arte, cuido mais do design, mas na hora de criar, fico falando na oreia do meu dupla (maravilhoso Gustavo Tasselli). A gente fica alguns dias nesse bate bola e anotamos as ideias que gostamos mais. Depois, mostramos para nossos Diretores de Criação,  um cargo acima do nosso que decide quais ideias vamos levar pra mostrar ao cliente”.

 

“A ideia da Maria Rita e Elis Regina surgiu assim, durante um desses “brain storms” (nome que eles inventaram pra esse processo de criação pra coisa parecer mais chique), ” brinca.

 

“Tenho que mencionar aqui as outras dezenas de pessoas envolvidas nesse rolê. Criar foi só o primeiro passo. Importante, claro. Mas depois foram 9 meses de correria envolvendo um monte de gente além da criação: a área de atendimento da agência, de produção, a Volks do Brasil, a Volks gringa, enfim. Uma turma sangue bom que lutou muito pra coisa acontecer. Queria agradecer um por um aqui, mas aí a matéria ia ficar um saco de ler. Obrigado de verdade a todos envolvidos”

 

A campanha viralizou, inclusive sendo publicada no The Guardian . Como foi pra você toda essa repercussão?

 

“Foi legal e assustador né. Não esperava taaaanto sucesso. Logo de manhã, depois do lançamento do filme a galera da propaganda de SP começou a mandar mensagem dando os parabéns, ligando e tals. Vi que os comentários estavam positivos no Youtube, mas até aí nada demais. Vi que era viral mesmo quando meu amigo Pedro, daqui de Pará de Minas, falou que tinha recebido do irmão dele o vídeo pelo WhatsApp. Aí sim eu pensei: fod3u. Só que no bom sentido, claro”.

 

Inteligência artificial

 

A propaganda utilizou uma técnica conhecida como “deepfake”, que faz montagens realistas com rostos de pessoas.

 

O vídeo começa com Maria Rita conduzindo uma ID.Buzz – versão moderna e 100% elétrica da Kombi – enquanto canta o clássico, e mostra imagens de carros da empresa que marcaram gerações, como Fusca e Brasília. Até que surge uma Kombi antiga, conduzida por Elis Regina, que encosta ao lado do carro de Maria Rita para compor o dueto.

Para que Elis aparecesse em um vídeo lançado em 2023, uma atriz dublê foi usada para se passar pela cantora dirigindo o veículo. O rosto da cantora foi colocado depois, por meio de uma tecnologia de reconhecimento facial.

 

Repercussão

 

Após o vídeo viralizar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu nesta segunda-feira, 10/07 um processo ético para avaliar se a campanha da Volkswagenferiu o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

 

Em nota, a Volkswagen disse que “a utilização da imagem de Elis Regina na campanha foi acordada com a família da cantora” (confira o posicionamento completo da companhia no fim desta reportagem). A empresa também informou que foi notificada pelo Conar no mesmo dia da abertura do processo e que “apresentará sua resposta no prazo concedido”.

 

A abertura do processo foi feita após a denúncia do advogado Gabriel de Britto, que afirmou ao órgão que Elis Regina, já falecida, não poderia “reivindicar o uso da própria imagem”.

 

“Importante esclarecer que, o direito de imagem protege a personalidade física da pessoa, como traços pessoais, corpo, atitudes, gestos, entre outros, já o direito autoral protege a obra criada pela pessoa. E o que se transmite aos herdeiros é apenas o direito autoral”, diz o documento enviado ao Conar.

 

Segundo o advogado, a campanha viola pelo menos cinco artigos, além do “Anexo O – Veículos Motorizados”, que diz que, “na propaganda de automóveis (…) Não se permitirá que o anúncio contenha sugestões de utilização do veículo que possam pôr em risco a segurança pessoal do usuário e de terceiros, tais como (…) desrespeito (…) às normas de trânsito de uma forma geral”.

 

“No caso da publicidade em questão, ambas motoristas de ambos veículos figuram a cantar e a olhar uma a outra enquanto dirigem, em desatenção e de forma imprudente, considerando que deveriam olhar de forma fixa o caminho e estrada à frente na qual transitam”, argumenta Britto.

 

 

Itaunense cria campanha que reuniu imagens de Elis Regina e Maria Rita

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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