Após o anúncio da Petrobrás sobre a redução do preço do gás GLP vendido às distribuidoras, algumas revendedoras de gás de cozinha de Belo Horizonte já praticam os novos valores. A reportagem de O Tempo sondou revendedoras da capital, nessa quinta-feira (16), e encontrou ofertas muito diferentes: dependendo da região e da forma de entrega, é possível encontrar botijão de gás de 13kg de R$ 80 até R$ 130. Para garantir preços mais atraentes, por enquanto, o consumidor precisa pesquisar bastante!
No bairro Camargos, região Oeste, o desconto da distribuidora já chegou para a revendedora Ultragaz Zecão. O botijão, que era vendido a R$ 110 para entrega em domicílio, hoje está R$ 95. Se o consumidor quiser buscar no local, vai pagar R$ 80 (antes era 95,00). No Padre Eustáquio, região Noroeste, a redução também já chegou para a revendedora Supergasbrás, que reduziu de R$ 125 para R$ 115, com entrega, e de R$ 110 para R$ 100, sem entrega. No Barreiro, uma revendedora da Copagaz reduziu o preço do botijão de R$ 95 para R$ 90, na portaria, e de R$ 112 para R$ 105, com entrega (preço varia de acordo com o local da entrega na região).
Em locais onde a redução ainda não chegou, é possível encontrar botijão a R$ 130, com entrega, como é o caso de uma revendedora do bairro Jaraguá. No bairro Dom Bosco, uma revendedora da Ultragaz que ainda não recebeu o desconto da distribuidora oferta o botijão a R$ 120, com entrega, e R$ 110, sem entrega. No local, a redução deve vir a partir da próxima semana. Apesar disso, em outras regiões é também possível encontrar gás a R$ 100 mesmo sem a redução do preço anunciado nesta semana, como é o caso do botijão vendido em uma revendedora Liquigás, na região do bairro Candelária, em Venda Nova.
Poderia ser ainda mais barato!
A redução anunciada pela Petrobras esta semana acontece junto com a exclusão da política de preços baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI). Essa fórmula, aplicada também na gasolina e no diesel, era utilizada desde 2016 e levava em conta cálculos do mercado internacional, frete marítimo, preço do dólar, taxas portuárias, e afins. Pesquisas mostram que, desde que o PPI começou a ser utilizado, o preço do gás de cozinha aumentou quase 300%.
O governo ainda não explicou como vai ser o novo cálculo. Mas, segundo levantamento do Observatório Social do Petróleo (OSP), desde março de 2022, a Petrobrás praticava um preço muito maior que o próprio PPI. Hoje, mesmo com o desconto anunciado (de R$ 8,97), o botijão vendido às distribuidoras passou a custar R$ 32,96, um valor ainda acima do PPI, que está em 30,78, segundo a última publicação da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Por isso, na opinião de especialistas, é possível abaixar ainda mais.
Há alternativas para deixar mais atrativo
Para o economista do OSP Eric Gil Dantas, o PPI foi uma “tragédia” para o gás GLP. “Em 2022, a gente teve o menor consumo de GLP em uma década, as pessoas passaram a consumir menos, isso acontece porque é um produto com uma sensibilidade muito forte ao preço”, diz.
Eric lembra que o gás de cozinha tem um apelo muito mais social do que os combustíveis como gasolina e diesel, e que ele não deveria estar na mesma “caixinha” de cálculos. “A gente não vai deixar de trabalhar, os caminhoneiros não deixam de entregar os produtos por conta do preço dos combustíveis. Já o GLP não, o GLP é bem sensível, em 2018, quando o GLP já tinha tido uma subida, o consumo tinha caído muito, por exemplo”, comenta.
O economista explica que o impacto do preço do gás para o consumidor é muito maior, e atinge classes sociais de formas diferentes. Uma pessoa que tem um microondas e uma fritadeira elétrica para fazer comida, por exemplo, consegue usá-los para substituir o fogão a gás por um tempo. Já nas classes mais marginalizadas, há formas mais primárias para a substituição. “Nas classes baixas, a gente observa um aumento do consumo da lenha”, exemplifica Eric. Aliás, a lenha pode ser um risco à vida se não usada adequadamente.
Por isso, agora que o PPI deixou de ser a base, para melhorar os preços e deixá-los aceitáveis para o consumidor em geral, Eric acredita em uma fórmula que inclua uma política específica para o gás GLP e mais investimentos. “É preciso ter uma política específica da Petrobras para o GLP. Além disso, é necessário ter novos investimentos, porque o Brasil tem muito gás natural no pré-sal. Infelizmente, nos últimos anos, não houve investimento necessário em criação de novos gasodutos e criação de novas unidades de processamento de gás natural para aumentar a produção de GLP”, sugere.