A média mensal de pacientes com Covid-19 em Belo Horizonte é de 1.062. Isso significa que, por dia, cerca de 35 casos são confirmados na capital mineira. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde. Conforme o último boletim, com base nos dados contabilizados até o dia 6 de setembro, o índice de casos disparou nos últimos 14 dias — passou de 0,8 a cada 100 mil habitantes para 12,9.
Para o infectologista Estevão Urbano, que fez parte do comitê de combate à Covid-19 da PBH, o cenário é preocupante, já que o aumento da incidência da enfermidade chega a 1.500%. “A preocupação maior é com os idosos e imunossuprimidos que, mesmo vacinados, podem desenvolver formas mais graves da doença”, diz o especialista. Até o dia 9 de setembro, 89 pessoas morreram em decorrência da enfermidade em BH — sendo que 74 deles têm 60 anos ou mais.
Outro infectologista que também fez parte do comitê, Carlos Starling, afirma que o aumento de diagnósticos da doença já reflete no crescimento do número de atendimentos nos hospitais. “A falta de atualização vacinal e a circulação de novas cepas mutantes agravam a situação”, explica o médico.
Ele aconselha a imunização para aqueles que não se vacinaram nos últimos seis meses. O tempo seco e poluído também é um fator que piora o cenário. “O clima seco e poluído irrita e resseca as vias aéreas, tornando-as mais vulneráveis a infecções virais e bacterianas”, completa Starling.
A procura por unidades de saúde foi constatada pela reportagem. Na manhã desta quarta-feira 18/9, , a cabeleireira Geise Dutra, de 47 anos, precisou procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Barreiro por causa dos sintomas da Covid-19. “Muita febre, nariz escorrendo, ânsia de vômito, dor no corpo, pernas, costas. Nem consigo respirar direito, fico o dia inteiro só no quarto. Não aguento mais”, queixa-se a paciente.
Ela afirma ter se vacinado devidamente contra a Covid-19 e que nunca pegou a doença. Além disso, contou que começou a sentir os sintomas após ir a uma feira, no último domingo (15 de setembro). Para proteger a família, ela está mantendo o isolamento.
Já na UPA Odilon Behrens, na região Noroeste de Belo Horizonte, cerca de 40 pessoas aguardavam atendimento por volta das 14h desta quarta-feira. Muitas pessoas apresentavam sintomas respiratórios. O comerciante Cleverson de Souza, de 48 anos, foi procurar.
“Vim aqui uma vez e disseram que não era Covid-19, e sim uma gripe. Mas não estou melhorando de jeito nenhum. Hoje não aguentei, estava na cama desde 10h. Então vim para ver o que tenho”, relata o homem. Ele já teve a enfermidade no início da pandemia e já tomou três doses da vacina.
Atualização vacinal
Para a população em geral, os especialistas recomendam a atualização vacinal. Aqueles que fazem parte do grupo de risco, como idosos e imunossuprimidos, devem, inclusive, usar máscaras em ambientes fechados e com aglomeração.
“As pessoas do grupo de risco e aquelas que têm contato com elas devem se proteger. O uso de álcool em gel deve ser adotado”, afirma Urbano. Starling relembra a importância de se lavar as mãos para não se contaminar.
As pessoas do grupo de risco que sentirem sintomas devem procurar atendimento médico o mais rápido possível.
“A partir de uma nota técnica do Ministério da Saúde, os médicos da rede pública de saúde estão receitando um medicamento antiviral (Paxlovid) para pessoas do grupo de risco, nos cinco primeiros dias de sintoma. Ele é importante para evitar a evolução para formas graves da doença”, explica Urbano.
Tempo seco piora sintomas
O infectologista Unaí Tupinambás, outro ex-integrante do comitê que traçou estratégias para o combate à Covid-19 em BH, reitera a análise de Starling com relação ao tempo seco.
“Normalmente, nossa mucosa consegue ‘trabalhar’ com melhor eficácia quando a umidade do ar está ideal — que é de 60%. A membrana seca facilita a entrada de vírus pelas vias aéreas”, explica.
Imunização
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que, desde março de 2024, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a nova vacina monovalente da farmacêutica Moderna, que foi atualizada para proteger contra a subvariante da Ômicron XBB 1.5. Desde então, as pessoas dos grupos prioritários devem tomar uma dose do novo imunizante por ano — independentemente das doses tomadas anteriormente.
Ainda de acordo com o Executivo municipal, pessoas com mais de 60 anos, imunocomprometidos e gestantes/puérperas precisam tomar uma dose a cada seis meses. Até o momento, segundo a PBH, cerca de 118 mil doses da vacina da Moderna já foram aplicadas.
*Com informações O Tempo