Presa desde 14 de fevereiro na Tailândia por tráfico de drogas, a jovem Mary Hellen Coelho, de 22 anos, deverá ser comunicada na segunda-feira (18/4) sobre a morte de sua mãe, Telma Coelho, ocorrida na quarta (13). A jovem está reclusa na Samut Prakan Provincial Prison, em Bangkok, capital do país asiático, e tem dificuldades de comunicação com o Brasil.
“O agente consular alegou que na segunda-feira irá ao presídio onde ela se encontra para contar a notícia. Ainda não conseguimos dar a informação porque na Tailândia hoje se comemora o ano novo deles e por isso é feriado lá. Os órgãos públicos estão parados”, ressalta a advogada da jovem, Kaelly Cavoli.
Mary Hellen é natural do Rio de Janeiro, mas mora em Pouso Alegre, no Sul de Minas. Ela trabalhava numa churrascaria da cidade mineira com carteira assinada, mas pediu demissão dias antes de viajar para a Tailândia. Além de Mary Hellen, outros dois brasileiros foram detidos acusados de tráfico internacional de drogas. A mineira tinha embarcado do Brasil pelo aeroporto Afonso Pena, de Curitiba.
Kaelly disse que tentou junto às autoridades da Tailândia que uma irmã da jovem presa se encarregasse de informar sobre a morte da mãe, mas o pedido não foi analisado: “Fizemos uma solicitação para que conseguíssemos uma ligação ou vídeo-chamada para que a própria irmã desse a notícia a ela, até para ser preservada a questão de saúde mental dela e para que a irmã pudesse gerenciar isso. Não tivemos um retorno”.
De acordo com informações das autoridades da Tailândia, foram apreendidos com eles 15,5 quilos de cocaína, com valor equivalente a cerca de R$ 7,5 milhões. As drogas foram escondidas dentro de um compartimento oculto das malas que eles carregavam.
Segundo a lei penal do país, o tráfico de drogas pode ser punido com pena de morte, dependendo da quantidade e das circunstâncias. O Ministério das Relações Exteriores vem dando assistência aos brasileiros.
“Ela está em uma das melhores penitenciárias da Tailândia, uma das que tem maior aparato tecnológico e uma das mais humanitárias. A prisão é uma situação muito desagradável para todos, em qualquer lugar do planeta. Com essa notícia ruim da mãe dela, a tendência é que ela se desestabilize mais um pouco. Ela está sofrendo com essa situação, sensível por estar em outro país, com outra cultura e outro tipo de comida e direito processual diferente”, afirma Kaelly Cavoli.
Carta em inglês
Mary Hellen conseguiu apenas enviar uma carta à família no início deste mês, que provavelmente teria sido escrita por um funcionário da penitenciária. O conteúdo foi escrito em inglês e chegou aos familiares da jovem em Pouso Alegre.
“Eu estou pensando muito no meu caso. Eu não conseguia dormir de noite porque me preocupo muito. Obrigada por se lembrarem de mim e agradeço aos meus amigos por tentarem me ajudar com os advogados. Eu vou cuidar de mim. Tenho aqui dois amigos para me ajudarem. Eu estou muito melhor agora, espero ver vocês o mais rápido possível”, diz um trecho.
“Manda um beijo ao meu avô e para minha avó. Lembro de todos vocês no Brasil. Mãe, eu amo você tanto e espero que você melhore logo. Um grande obrigado a todos do Brasil por me ajudarem. Estou muito feliz agora. Espero que minha família e todos os amigos me respondam. Me faz sentir muito feliz e sorrir todo dia. Vou sonhar com vocês todas as noites”, completa.
Apesar disso, a advogada entende que as dificuldades de comunicação impedem um contato mais próximo com a jovem: “A situação infelizmente é essa. Nesse momento, não cabe aos advogados garantir a saúde física e mental da Mary Hellen. Não conseguimos garantir essa assistência emocional a ela e sim assistência ao processo”.
Dois meses presa
Nessa quinta-feira (14/4) Mary Hellen completou dois meses na prisão. Ela foi detida ao chegar no aeroporto da capital tailandesa, em 14 de fevereiro. A jovem estava acompanhada de um rapaz, de 27 anos, que é paranaense. Os dois embarcaram no aeroporto de Curitiba.
Conforme comunicados das autoridades do país asiático, o sistema de Raio-x mostrou que nas três malas usadas pelo casal havia cerca de nove quilos de cocaína. Um terceiro brasileiro, de 24 anos, também foi preso no mesmo dia em Bangkok, com mais seis quilos de cocaína. Ele estava em outro voo, que também tinha saído de Curitiba.
Por Uai