O Tempo
Vinte dias depois de um primata ter sido encontrado morto por ciclistas em uma comunidade de Jardim Boa Vista, na zona rural de Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Secretaria de Saúde de Juatuba confirmou neste domingo (5) que o animal morto estava contaminado com o vírus da febre amarela. Apesar de ainda não haver nenhuma notificação de infecção em humanos na cidade, a pasta informou que já havia reforçado a cobertura vacinal no município desde a confirmação da enfermidade em macacos na capital mineira.
“A Secretaria de Estado de Saúde orienta uma cobertura vacinal em um raio de um quilômetros a partir do local em que o primata for encontrado morto. Nós antecipamos isso e, mesmo antes de a confirmação ter ocorrido, fizemos a vacinação domiciliar na região e divulgamos a vacinação contra a febre amarela a nível municipal, a descentralizando. Somente neste ano, mais 3.000 doses de vacina contra a febre amarela foram aplicadas em Juatuba, além das imunizações que já eram previstas no calendário vacinal dos postos de saúde. Agora, a partir do momento em que foi confirmado que o primata estava infectado, solicitamos ao governo do Estado a liberação de uma quantidade maior das doses dessa vacina para Juatuba. Ainda ainda não sabemos a quantidade de dose que receberemos, mas acreditamos que ela seja suficiente para imunizar, especialmente, as pessoas que vivem em áreas de risco”, salientou a secretária de Saúde de Juatuba, Cinthya Mara Gonçalves Pedrosa.
Já na semana passada, o presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) de Juatuba, Heleno Maia, informou que um segundo primata morto também foi encontrado em Juatuba, às margens da MG-050, próximo ao rio Paraopeba. “Recolhemos animal e enviamos para a Funed, que deve emitir um laudo em cerca de 20 dias. Porém, a princípio, também acreditamos que esse segundo primata está infectado pelo vírus da febre amarela. Ele não apresentava lesões e foi achado próximo à um córrego de água. Os animais infectados por febre amarela sentem muita sede e buscam ficar próximos à correntes de água”, explicou o presidente do Codema.
Óbitos no Estado
Os casos de pessoas mortas em Minas Gerais por estarem infectadas com febre amarela preocupam. De acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) na última sexta-feira (3), são 99 mortes com confirmação para a doença no Estado, nas quais 87,8{4f38b4b7d8b4b299132941acfb1d57d271347fbd28c4ac4a2917fcb5fee07f0b} envolvem vítimas do sexo masculino com média de idade de 45 anos. Outros 82 óbitos seguem em investigação.
Ao todo, o Estado contabiliza 1.063 notificações, das quais 57 foram descartadas e 260 casos confirmados. Os boletins da SES-MG estão sendo divulgados às terças e sextas-feiras. O atual surto é considerado o maior no Brasil desde 1980, quando o Ministério da Saúde passou a disponibilizar dados da série histórica. Até então, o ano com a situação mais grave havia ocorrido em 2000, quando morreram 40 pessoas.
O total de municípios mineiros com casos confirmados de infecção é 46. Outras 88 cidades possuem casos suspeitos. Os quadros mais preocupantes são os de Ladainha, Novo Cruzeiro e Caratinga. Nestas cidades já houve, respectivamente, 30, 24 e 23 confirmações de febre amarela.
Balanço de epizootias
Ainda segundo o balanço epidemiológico divulgado pela SES-MG na última sexta-feira (3), de dezembro de 2016 a março de 2017, 91 municípios tinham epizootias – doença que ocorre em uma população animal, semelhante a uma epidemia em seres humanos – confirmadas para febre amarela, 75 municípios do Estado estavam com epizootias em investigação, e em 105 cidades mineiras haviam rumores de epizootias, ou seja, quando não foi possível recolher material suficiente para análise.