Oito pessoas residentes em Minas Gerais e uma empresa sediada em Frutal, no Triângulo mineiro, constam na lista da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre financiadores de ônibus que transportaram radicais participantes do ato golpista ocorrido no domingo (8/1), em Brasília (DF). Divulgada nesta quinta-feira (12/1), a relação de nomes foi enviada pela AGU à Justiça Federal.
O documento aponta a participação de 52 cidadãos e sete empresas no processo de fretamento de coletivos. A AGU pediu o bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens dos acusados. Dos oito de Minas citados, cinco têm residência em Belo Horizonte. São eles: Bruno Marcos de Souza Campos, Daniela Bernardo Bussolotti, Hilma Schumacher, Pablo Henrique da Silva Santos e Patrícia dos Santos Alberto Lima.
São citados, ainda, Claudia Reis de Andrade, de Juiz de Fora, na Zona da Mata, Franciely Sulamita de Faria, de Nova Ponte (Triângulo), e Jasson Ferreira Lima, de Paracatu (Noroeste).
Empresa mineira de turismo também está na lista
A empresa de Frutal mencionada pela AGU é a Gran Brasil Viagens e Turismo Ltda. Outras empresas ligadas ao fretamento de ônibus também constam no documento. Para construir a lista de pessoas físicas e jurídicas cujo bloqueio de bens foi pedido, a AGU teve apoio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
São mencionados, apenas, suspeitos de envolvimento direto o processo de reserva dos coletivos que rumaram a Brasília. Os radicais que foram à capital federal participaram de manifestação que culminou na invasão do Palácio do Planalto e das sedes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional. A tomada dos edifícios acabou em quebra-quebra e vandalismo, com prejuízos ao erário público.
A ideia da AGU é que os responsáveis pelos aluguéis dos ônibus arquem com os prejuízos, assim como deve acontecer com os golpistas que concretizaram os danos.
“Os réus que fretaram algum desses ônibus, de vontade livre e consciente, financiaram/participaram ou colaboram decisivamente para ocorrência desses atos que, por assim dizer, se convolaram em atos ilícitos dos quais, mais que os danos materiais ao patrimônio público federal objeto desta ação, resultaram danos à própria ordem democrática brasileira”, justifica a AGU.
Pedido de bloqueio pode ter valores aumentados
Segundo a peça encaminhada à Justiça Federal, as cifras bloqueadas podem subir. Os R$ 6,5 milhões pedidos pela AGU são encarados como uma espécie de valor mínimo, pois, segundo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apenas a Câmara dos Deputados trabalha com a possibilidade de ter de cobrir um rombo superior a R$ 3 milhões.
Para a AGU, há provas suficientes para apontar que os citados ajudaram a custear a ida de radicais bolsonaristas à capital federal.
“A partir desse transporte e aglomeração de manifestantes é que se desenrolou toda a cadeia fática que culminou com a invasão e depredação dos prédios públicos federais mencionados”, lê-se em outro trecho da petição.
O Estado de Minas tenta contato com os citados. Todos terão espaço para se posicionar. Hermes Leonel Rodrigues, dono da Gran Brasil Viagens, negou, à reportagem, que tenha fretado veículos aos golpistas.
“Nem sei do que se trata. Me procuraram para ir a Brasília para a manifestação do Bolsonaro e para a posse de Lula. Em nenhuma hipótese, fechei viagem. Em 2023, nenhum veículo meu pisou em Brasília. Já faz mais de ano que não pego viagem para lá”
Por Uai