Polícia faz buscas em sítio onde crianças teriam sido confinadas

2/03/2023 | Minas Gerais

Local do suposto cativeiro de crianças em São Joaquim de Bicas –  Foto Ernane Fiuza / TV Globo

 

 

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros fizeram buscas em um sítio de São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na manhã desta quinta-feira (2).

 

O imóvel pertence a uma mulher suspeita de abandonar duas crianças em um apartamento na capital mineira. Ela é apontada como suposta avó e não foi encontrada pela polícia.

 

O sítio teria ligação com o apartamento de Belo Horizonte, onde duas crianças, de seis e nove anos, foram encontradas sozinhas no dia 21 de fevereiro. A mãe delas está presa, suspeita de maus tratos. Um terceiro filho dela, de quatro anos, morreu.

 

Ela alega que uma mulher, que teria se apresentado como avó das crianças, manteve a família em cárcere privado.

 

O pai das crianças teria morrido de Covid-19, mas não há informações sobre corpo ou atestado de óbito. A mãe alega que, quando entrou em trabalho de parto do último filho, saiu do sítio para ir à maternidade. Quando voltou, foi avisada que o marido estava morto.

Pouca ventilação e grades

 

O sítio encontrado pelos policiais tem pouca ventilação e muitas grades, inclusive no banheiro. Atrás de uma parede, foi encontrado um possível cativeiro. A polícia suspeita que as crianças chegaram a ser mantidas lá.

 

A polícia apura se o local era utilizado para manter crianças em cárcere privado e prática de torturas. Ela investiga também se há relação com o caso de maus-tratos que “vitimou uma criança, de 4 anos, no mês passado”.

 

Mãe alega inocênciaO pedido de buscas no sítio partiu da advogada de defesa da mãe das crianças, que está presa. Vizinhos relataram mau cheiro no local.

 

“Eu consegui mobilizar a polícia, coisa que não estava acontecendo. Cheiro podre lá é insuportável! Tem um homem desaparecido, pai das crianças. Nós já fomos a delegacia e nada foi feito. Está difícil… uma criança morreu lá. Isso é absurdo. O lugar foi cena de crime, cheiro de carne podre, já é indício para fazer busca”, contou a advogada Andrezza Araújo.
Ainda segundo ela, havia uma carta no local com letra de criança pedindo ajuda. O espaço era pequeno e tinha camas e brinquedos.

 

 

O caso

Crianças estavam sem alimentação em BH -Foto Danilo Girundi / TV Globo

 

 

A criança de 4 anos morreu no dia seis de fevereiro. A suspeita é que o garoto sofria maus-tratos em casa, segundo o boletim de ocorrência.

 

Ainda de acordo com o registro policial, a criança chegou à Unidade de Pronto Atendimento do município no colo da mãe, já sem vida, com uma mancha de sangue em volta dos olhos, inchaço no pé esquerdo – o que sugere uma fratura -, escoriações na costela, queimaduras nos tornozelos e sinais de desnutrição.

 

Os policiais foram até o local em que a família vivia e encontraram outras duas crianças, irmãs da vítima, com uma vizinha. Uma delas, de dois anos, também estava desnutrida.

 

As crianças foram encaminhadas ao Conselho Tutelar e a mãe foi presa.

 

No dia 21 de fevereiro, dois meninos, de seis e nove anos, também filhos da mulher presa em São Joaquim de Bicas, foram encontrados sozinhas e trancados em um apartamento no bairro Lagoinha, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Eles foram resgatadas pela Polícia Militar.

 

A suspeita é de que eles estariam nessa situação há pelo menos três dias.

 

De acordo com o boletim de ocorrência, uma vizinha, que vinha alimentando as crianças por um buraco na porta, acionou os militares após perceber que ninguém apareceria.

 

A polícia disse que os irmãos contaram que estavam no imóvel com uma avó de criação, de 53 anos, que saiu para ir a uma consulta médica e não voltou mais. Ela teria orientado que eles mentissem o nome. De acordo com as crianças, a filha dessa mulher também passou uma noite com eles e foi embora.

 

Já no dia 24 de fevereiro, a mulher de 30 anos e mãe das crianças, disse ao advogado Gregório Andrade que nunca maltratou os filhos e que “jamais matou alguém”. Ela está presa no Presídio de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

 

“A aliciadora e um suposto filho dela informaram, inicialmente, que ele teria fugido com uma outra mulher. Depois, após insistência da mulher sobre o paradeiro do companheiro, disseram para ela aceitar a verdade, pois doeria menos, mas que ele teria morrido, vítima de Covid-19. No entanto, a mulher nunca viu o corpo, nem onde ele teria sido enterrado”, completou.

 

A defesa desconfia de tráfico humano. Ela pretende ingressar com o pedido de revogação de prisão preventiva e habeas corpus de sua cliente nas próximas horas. Os dois casos envolvendo a morte e o abandono das crianças estão sendo investigados pela Polícia Civil.

 

O sítio onde buscas são feitas nesta quinta-feira (2), pertence a essa “avó de criação”. Ao todo, são quatro crianças, duas meninas de 1 e 2 anos, e meninos de 6 e 9 anos. O tio das crianças disse que vai tentar o direito de guarda.

 

Por G1

 

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