A Polícia Civil concluiu a investigação, sobre um caso de tortura e racismo cometido contra o Djalma, um homem negro, de 45 anos, portador de sofrimento mental, muto conhecido nas ruas de Itaúna.
O crime ganhou ampla repercussão, após a divulgação de um vídeo nas redes sociais em 20/11, Dia Nacional da Consciência Negra.
As imagens da agressão foram filmadas no mês de novembro, em frente a um bar na Praça da Lagoinha, região central de Itaúna
Indiciamento
A investigação foi concluída e encaminhada à Justiça, com o indiciamento dos dois suspeitos pelos crimes de tortura e racismo, cujas penas podem chegar a 15 anos de prisão.
De acordo com a Policia Civil, após tomar conhecimento dos fatos, no dia 21 de novembro, foi iniciada as investigações, que resultaram na prisão preventiva de um homem, de 44 anos, suspeito das agressões.
O segundo envolvido, de 32 anos, responsável por gravar a cena criminosa, também foi identificado e ouvido.
O suspeito das agressões permanece preso em Itaúna, enquanto o outro responde inicialmente em liberdade.
Crime na Praça da Lagoinha
📹 Divulgação Redes Sociais
O homem de 44 anos deu R$ 10,00 para o popular Djalma, em troca de agredi-lo com um cinto. O vídeo compartilhado nas redes sociais mostra a agressão, ocorrida por volta do dia 10 de novembro.
O agressor, identificado como José Maria Vilaça, de 44 anos, foi preso no dia 21 de novembro na região de Nova Serrana.
Além dele, o homem que gravou o vídeo, de 32 anos, também foi indiciado pelos mesmos crimes. Ele responde inicialmente em liberdade.
O delegado Flávio Tadeu Destro, chefe do 7º Departamento de Polícia Civil, disse que o caso foi extremamente marcante e gerou revolta.
“Essa gravação revela uma maldade muito grande por parte do autor. Houve ali uma violência física e psíquica gratuita contra uma pessoa em situação de extrema vulnerabilidade”.
Segundo Rosiane Cunha, advogada que é próxima da família da vítima e assumiu o caso, Djalma Rosa da Costa, de 45 anos, é esquizofrênico e luta há anos contra a dependência de drogas. Desde 1995, ele é acompanhado pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
“Vamos lutar para que o agressor pague pelo que fez”, afirmou a advogada.
Em entrevista à TV Globo, José disse que o vídeo foi gravado com o consentimento do homem agredido. Afirmou ainda que ambos são usuários de drogas e que, naquele dia, os dois haviam consumido entorpecentes.
“Eu tava numa resenha. Foi uma brincadeira. O problema foi o vídeo ter viralizado no dia de Zumbi de Palmares. Agora tá essa burocracia toda. Foi uma resenha. Eu vou provar que não passou de uma resenha. Peço desculpas a todos os brasileiros, paraminenses e itaunenses também”, completou.
Inicialmente, a vítima, Djalma Rosa da Costa, de 45 anos, foi identificada pela Polícia Militar, como uma pessoa em situação de rua e, segundo o próprio agressor, dependente de drogas.
Porém, a Prefeitura de Itaúna informou que Djalma não é morador de rua. Ele tem casa e familiares e faz acompanhamento para dependência química no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) desde 1995.
Ainda segundo a Prefeitura, na quinta-feira, Djalma foi até o Caps e se mostrou bem, foi acolhido e recebeu assistência dos profissionais.
Segundo o advogado Maciel Lúcio, da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Divinópolis, o caso é grave.
“É inadmissível que ainda enfrentemos situações como essa em pleno século XXI. É um verdadeiro retrocesso. Não por acaso, tivemos o primeiro feriado em celebração ao Dia da Consciência Negra, pois ainda há quem precise ser educado sobre esse assunto”.
Polícia prende homem acusado de agredir Djalma na Praça a Lagoinha