O agressor de um homem negro na da Praça da Lagoinha em Itaúna, foi preso pela PM em Nova Serrana e solicitou para ser ouvido na cidade de Pará de Minas, onde foi apresentado a Policia Civil, para demais investigações.
O vídeo começou a circular nas redes sociais nesta quarta-feira 20/11, data em que foi celebrado o Dia da Consciência Negra.
A Policia Militar esclarece que o fato ocorreu em 10/11, mas não foi acionada quanto ao ocorrido e somente na data de hoje 21/11, tomou conhecimento do vídeo que está circulando nas redes sociais.
De imediato, após ter ciência do fato, a PM realizou uma série de diligencias e conseguiu identificar o autor do ato criminoso, um homem de Pará de Minas.
Por volta das 14h desta quinta-feira 21/11, um Boletim de Ocorrência está sendo confeccionado pelos militares, e o agressor se encontra preso na Delegacia de Pará de Minas.
A Polícia Civil de Itaúna está conduzindo a investigação do caso, como explica o Delegado Leonardo Pio
As agressões
O popular Djalma é bastante conhecido nas rua de Itaúna. Imagens compartilhadas nas redes sociais na noite desta quarta-feira 20/11, Dia Nacional da Consciência Negra, vitralizaram nesta quinta-feira 21/1.
No vídeo Djalma aparece sendo agredido com cintadas nas costas, por um homem branco que ofereceu R$ 10,00 para que ele fosse espancado.
As imagens da agressão foram gravadas em frente a um bar, na Praça da Lagoinha, região central de Itaúna e amplamente compartilhadas na internet
O agressor se apresenta dizendo: “Pará de Minas e região, aqui é o ‘Deus é mais’, esse ano é ‘Deus me livre”.
Durante a gravação, ele faz comentários desconexos enquanto a vítima aparece ao fundo sem camisa.
O agressor continua com falas confusas, misturando temas como as últimas eleições dos EUA, Lula e Bolsonaro.
Em seguida, ele começa a retirar o cinto da calça, afirmando: “Vamos fazer diferente, ele quer usar droga, não quer trabalhar não?”.
Na sequência, o agressor diz: “Dez reais e ele vai deixar eu dar duas lapadas e o patrocínio é o Bar do Sandoval”.
Depois, já com o cinto nas mãos, com a justificativa de que daria R$ 10,00 para que a vítima comprasse drogas, ele agride Djalma com três golpes e ainda pede a confirmação de quem segura o celular: “Tá gravando?”.
Enquanto a vítima é agredida, é possível escutar a risada de uma pessoa.
Após açoitar o homem, o suspeito finaliza o vídeo dizendo: “Deus é mais”.
Vitima identificada
A vítima foi identificada como uma pessoa em situação de rua e, segundo o próprio agressor, era dependente de drogas.
A PM entrou em contato com vários órgãos e recebeu contato de uma equipe do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas- CAPS-AD, informando que o Djalma estava no local e que seria encaminhado para acompanhamento da assistência social do município.
Prefeitura divulga nota sobre o caso
“Djalma é acompanhado diariamente nos Caps Ad e Caps ii para ações de redução de danos e acompanhamento multiprofissional. Sobre o ocorrido veiculado hoje nas mídias sociais, informamos que a responsável legal e curadora de Djalma foi devidamente orientada pela equipe do Caps ii sobre as medidas necessárias para formalizar e representar o boletim de ocorrência.
Também hoje, a Polícia Militar esteve na sede do Caps ii e informou que a polícia civil também já está ciente do caso. Nesta quinta-feira 21/11, Djalma compareceu ao Caps Ad, se mostrou bem, foi acolhido e recebeu assistência dos profissionais, cujo trabalho rotineiro de acompanhamento será continuado.
A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Rede de Atenção Psicossocial local, lamenta e repudia o ocorrido, colocando-se à disposição para acolhimento tanto do Djalma quanto de seus familiares”.
Proprietário do bar
O proprietário do bar Sindoval, Odilon se manifestou em vídeo, afirmando que soube apenas pelo vídeo que circula na internet, que não estava no bar no momento da gravação e estava revoltado com a situação. Ele condena veementemente a atitude e disse que torce pela prisão do agressor e pela punição dos atos praticados.
“Não compactuamos com o ocorrido e não temos nenhum envolvimento com o ato”
Repercussão
Além de lesão corporal, o suspeito pode ser responder pelo crime de intolerância racial que é quando há violência, física ou simbólica, baseada na negação do sujeito, de sua pessoa e de sua identidade, por ele pertencer a um grupo étnico-racial determinado, segundo o advogado Maciel Lúcio, que integra a Comissão de Igualdade e Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Divinópolis.
“É inadmissível que ainda enfrentemos situações como essa em pleno século XXI. É um verdadeiro retrocesso. Não por acaso, ontem tivemos o primeiro feriado em celebração ao Dia da Consciência Negra, pois ainda há quem precise ser educado sobre esse assunto”, disse.
A deputada estadual Lohanna França e a vereadora Edênia Alcântara do (PV) e o Senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) também lamentaram o episódio, cobrando apuração sobre o caso.
Agressor diz que atitude não passava “de uma brincadeira”
Em sua defesa, o agressor disse, em entrevista ao Portal BHAZ, que a atitude não passava “de uma brincadeira”. De acordo com ele, a situação foi filmada cerca de duas semanas atrás, mas só tornou-se conhecida na quarta 20/11.
Além disso, ele diz estar com a consciência pesada, mas que tudo havia sido ‘combinado’ com a vítima, tendo como testemunha a pessoa que filmou a situação.
Finalizou dizendo que, após as filmagens, ambos saíram para tomar uma cerveja. As investigações da polícia darão continuidade ao caso, que expõe situações de racismo e tortura, como apontado pela PC