
Vítima de operação com mais de 20 mortos na Vila Cruzeiro, no Rio – Foto: REUTERS/Pilar Olivares
Ao todo, 12 policiais – nove PMs e três rodoviários federais – apresentaram à Polícia Civil os fuzis que portavam durante a operação na Vila Cruzeiro, que deixou 23 mortos no terça-feira (24). Eles relataram na Delegacia de Homicídios terem participado de confrontos que terminaram com dez suspeitos mortos. As circunstâncias das mortes das outras 13 pessoas também são investigadas.
Na quinta-feira (26), a Polícia Civil retificou a informação de homicídios na operação na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte, reduzindo de 26 para 23 o número de mortos. O Instituto Médico Legal (IML) explicou que três dos 26 corpos, inicialmente atribuídos à operação, chegaram de um confronto entre traficantes rivais no Morro do Juramento.
Os 23 corpos que já foram identificados são:
Anderson de Souza Lopes
Carlos Alexandre de Oliveira Rua
Carlos Henrique Pacehco da Silva
Denis Fernandes Rodrigues
Diego Leal de Souza
Douglas Costa Incaio Donato
Edmilson Felix Herculano
Emerson Stelman da Silva
Eraldo de Novaes Ribeiro
Everton Nunes Pires
Gabrielle Ferreira da Cunha
Izaias Vitor Marques Nobrega
João Carlos Arruda Ferreira (Menor)
João Victor Moraes da Rocha
Leonardo dos Santos Mendonça
Mauri Edson Vulcão Costa
Maycon Douglas Alves Ferreira da Silva
Nathan Werneck Borges Lopes
Patrick de Andrade da Silva
Ricardo José Cruz Zacarias Junior
Roque de Castro Pinto Junior
Tiugo dos Santos Bruno
OAB cita ‘indícios de execuções’
O procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Rodrigo Mondego, disse que existe uma suspeita de tortura e execução durante a operação.
“Existe indícios de execuções, em algumas regiões. Indícios de que pelo menos uma pessoa foi torturada antes de ser morta. (…) A gente está aguardando o desenrolar da perícia do IML para ver em que condições essas pessoas foram mortas”, disse Mondego.
Na manhã de quarta-feira (25), representantes da OAB-RJ e da Defensoria Pública estiveram na região do confronto. O ouvidor-geral da Defensoria Pública, Guilherme Pimentel, foi à favela ouvir moradores.
“A gente veio aqui com moradores, lideranças… A gente está escutando o que eles têm a dizer. Eles vieram aqui nos mostrar a área onde tudo aconteceu e isso faz parte da nossa apuração”, disse Pimentel.
Na terça-feira (24), a Polícia Militar do Rio de Janeiro e a Polícia Rodoviária Federal deflagraram a operação na Vila Cruzeiro para, segundo informaram as corporações, prender chefes do Comando Vermelho e suspeitos vindos de outros estados que estariam escondidos no lugar.
Segundo o comando da PM, a operação estava sendo planejada havia meses, mas foi deflagrada de modo emergencial para impedir uma suposta migração para a Rocinha. Foram mais de 12 horas de tiroteio na região.
A ação é considerada a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro, atrás somente da ação no Jacarezinho, de maio de 2021, que resultou em 28 mortes.
Em fevereiro deste ano, outra operação conjunta da PM e da PRF na Vila Cruzeiro deixou pelo menos oito mortos.
Por G1