Foto Divulgação/ PCMG
Quatro integrantes de uma organização criminosa que aplicava o golpe do falso emprego em adolescentes e enganou ao menos cem vítimas em Belo Horizonte foram presos pela Polícia Civil nesta quinta-feira (28).
Uma das mulheres foi detida em casa, localizada em Nova Lima, enquanto outros três suspeitos foram presos na sede da empresa no bairro Prado, na região Oeste de BH. No local, além de documentos que comprovam a prática do crime, a polícia encontrou quatro vítimas, que estavam acompanhadas de seus pais.
Conforme informou a Polícia Civil, a investigação teve início em fevereiro deste ano, justamente, após denúncia feita pelo responsável por um adolescente, que foi ludibriado pelo grupo.
“Eles ligavam para os representantes legais dos jovens, oferecendo uma vaga garantida de emprego desde que o menor fizesse um curso de capacitação pago. Após efetuar o pagamento, essa vaga prometida não era oferecida”, explica a delegada Danúbia Quadros, titular da Delegacia Especializada na Defesa do Consumidor.
Os suspeitos conseguiam o acesso aos dados das vítimas através da compra em plataformas que comercializam mailings, como conta o investigador Márcio Reis. “Eles conseguiam por meio do mercado de venda de cadastro, onde já tinham o cadastro desses menores”, explica.
Três dos quatro suspeitos já têm passagem por estelionato. Sendo que apenas uma confessou o crime. Em depoimento, segundo informou a polícia, ela atuou nessa prática até setembro, quando parou.
“Desde 2017, esse grupo cria e encerra empresas. Isso para dificultar a identificação da Polícia e das vítimas das fraudes feitas por eles”, relata a delegada.
Criminosos
O chefe de Divisão de Fraudes da Polícia Civil, Eric Brandão, explica que o valor cobrado pelo grupo criminoso pelo curso variava entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. Além de serem ousados no valor cobrado de cada adolescente pelo curso, os estelionatários deixavam as vítimas parcelar o valor.
“A gente percebe que são ousados e aproveitam de uma situação de desemprego, de vulnerabilidade das famílias e dos jovens que querem o primeiro emprego, que sabemos que é difícil. Esses falsários aproveitam dessa situação de forma ardilosa e frustam a busca do adolescente pelo primeiro emprego”, analisa o delegado.
Brandão explica que, em muitas vezes, a ânsia de conquistar uma vida melhor fazia com que a vítima não desconfiasse do golpe. “Na busca de conseguir uma situação melhor, esses menores gastam o pouco que tem. Então, é uma é ousadia, uma audácia, por parte desses estelionatários. Como já foi demonstrado pela doutora, esses falsários já cometeram o estelionato outras vezes e estão fazendo desse tipo de crime um modo de vida”, esclarece.
O delegado ainda afirma que a Polícia Civil está pronta para combater esse tipo de crime. “Nós do Departamento de Fraudes e Combate a Corrupção e a Delegacia de Crimes Cibernéticos estamos atuando firmes no combate a esses estelionatários, que estão ludibriando não só os menores, mas também as famílias, que são vítimas. Nós temos trabalhado muito forte nesse tipo de crime”, afirma.
Homem escapou três vezes
A polícia não descarta que o grupo tenha feito mais vítimas, além das cem já identificadas. A corporação orienta que as pessoas lesadas compareçam à Delegacia do Consumidor (Decon) – que fica na rua Martim de Carvalho, número 94, no bairro Santo Agostinho.
A delegada Danúbia Quadros esclareceu a importância do registro. “Conforme determinação legal, o crime de estelionato é de ação pública condicionada à representação da vítima para início da investigação”, explicou.
Um homem de 42 anos se safou de três tentativas do golpe do primeiro emprego. O filho dele, um adolescente de 16 anos, foi chamado para entrevistas. Em todas as ocasiões, o esquema era o mesmo. O pai, que pediu anonimato, recebia uma ligação marcando uma conversa para o menino.
Só que, no caso dele, ao telefone, o curso preparatório não era mencionado. “Eles ligaram falando de uma vaga. Eu perguntei se tinha que pagar algo, mas eles disseram que não”, contou o homem. Ele revelou ainda que conseguiu verificar que o CNPJ das três empresas era só um. “Me chamaram para ir ao bairro Ipiranga, puxei o CNPJ e vi que era o mesmo”. Para ele, a pior parte é a decepção. “O adolescente fica iludido, alegre, achando que vai trabalhar”, disse.
O que fazer para evitar cair nesse tipo de golpe?
Quem procura o primeiro emprego ou busca uma recolocação no mercado deve ficar atento para algumas dicas que o chefe de Divisão de Fraudes da Polícia Civil, Eric Brandão, listou para evitar cair em golpes de estelionatários. Confira:
– Muita atenção quando ligam para você lhe ofertando uma vaga garantida de emprego. Em uma busca tão difícil por esse primeiro emprego, é importante desconfiar quando oferecem essa vaga garantida.
– É importante desconfiar também do pagamento de bons salários.
– É importante desconfiar ainda quando pedem um pagamento por uma vaga. Isso porque, obviamente, não se tem que pagar por uma oportunidade de emprego.
– Desconfie também de vagas que estão em sites que ofertem produtos porque eles não são destinados para ofertar oportunidade de emprego.
Por O Tempo