
Essa pessoa passou a ser o principal investigado como responsável pelos crimes – Hoje em dia
As deputadas estaduais vítimas de ameaças de morte e estupro corretivo comemoraram, por meio de uma nota conjunta, a prisão de um dos principais suspeitos de liderar os ataques cibernéticos contra elas. Conhecido na internet como “Leon”, o suspeito teria sido responsável por organizar fóruns na internet onde instigava as ameaças.
“Recebemos com esperança a notícia da prisão do principal investigado pelas ameaças de estupro, morte e violências diversas contra nós, nossa equipe e nossas famílias. Ainda há muito a caminhar para uma Minas Gerais segura para todas as mineiras, mas hoje avançamos ao mostrar que, mesmo demorada, a justiça acontece. Seguimos em luta e trabalho pela construção de um Estado digno e seguro para todas as mulheres. O resultado das investigações mostra que sempre fizemos certo ao seguirmos firmes na luta, ao não nos deixarmos paralisar pelas ameaças e pela violência. Só assim seguiremos mudando a realidade das mulheres!”, escreveram as deputadas Lohanna França (PV), Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT).
As parlamentares também comentaram sobre o assunto pelas redes sociais. No X (antigo Twitter), Bella Gonçalves afirmou estar “muito emocionada” com a prisão do suspeito, e relembrou os meses que precisou de escolta policial.
“Nesses últimos meses vivi sob escolta policial, tive que mudar de casa, de rotina, enquanto recebia uma ameaça aterrorizante por semana. Só por ser mulher na política. Aprendi que a extrema-direita se organiza em um campo sombrio e criminoso da internet e se regozija com a dor e sofrimento que causam as mulheres. Nem eu sabia que tinha tanta força para seguir com coragem lutando pelo que eu acredito diante das adversidades. Superei o medo, a ansiedade, a revolta e não deixei que apagassem meu brilho. Sinto que estou pronta para qualquer desafio”, publicou a deputada, que também agradeceu o apoio do presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB) e da companheira Moara Saboia, que é vereadora de Contagem.
Já Lohanna França compartilhou, no Instagram, um vídeo comentando a prisão do suspeito. Ela aproveitou para agradecer ao Ministério Público e Polícia Civil, e aos policiais militares que fizeram a escolta dela nos últimos meses:
“Foram meses muitos difíceis para todas nos, até porque as ameaças não pararam, a gente só parou de divulgar. […] Eu quero deixar um braço carinhoso aos policiais que nos acompanharam neste período e garantiram que eu tivesse coragem de trabalhar com cabeça erguida e com menos medo”.
À TV Assembleia, a deputada estadual Beatriz Cerqueira contou sobre as dificuldades dos últimos meses com as ameaças e agradeceu o apoio especial da deputada Lohanna. Segundo ela, a colega do PV foi quem a instigou a dar continuidade às denúncias, sem deixar que os ataques fossem “normalizados”.
Investigações
A investigação foi iniciada em agosto do ano passado, quando foi apurado que as ameaças foram planejadas e executadas no contexto de fóruns e grupos na internet denominados “chans”, onde seus integrantes realizavam incitação à violência, à pedofilia e à necrofilia, com postagens de imagens de estupros, assassinatos e mutilações e com grande conteúdo de abuso e exploração sexual infantil (pornografia infantil).
A Polícia Civil informou que, no cumprimento de medidas cautelares determinadas pelo Poder Judiciário de Minas, a força-tarefa arrecadou diversos dispositivos de informática nas residências de outros investigados nas fases anteriores. A partir de diligências cibernéticas avançadas e grande trabalho de campo, identificou parte dos usuários integrantes do “chan” ligados às condutas investigadas e o principal líder do grupo criminoso, usuário dos nicknames “Leon” e “Grow”.
Essa pessoa passou a ser o principal investigado como responsável pelos crimes cometidos contra as parlamentares mineiras e por coagir adolescentes a se automutilarem e a lhe enviarem fotos nuas.
A ação de hoje foi desencadeada pelas Forças de Segurança do Estado de Minas Gerais, após a identificação de contas de redes sociais utilizadas pelo investigado “Leon/Grow” e obtenção de sua localização, com o cumprimento da prisão preventiva e apreensão de computadores, telefones e pen drives com grande quantidade de material ligado ao caso.
O custodiado, por determinação judicial, será recambiado para o sistema prisional de Minas Gerais, onde responderá ao processo.
O nome da operação, Di@na, vem da deusa Diana da mitologia, que é a Deusa da caça e protetora das mulheres e crianças. O @ faz referência aos crimes cibernéticos investigados.
*Com informações Hoje em dia / O tempo