Registro de vacinação de Bolsonaro contra a Covid é falso

18/01/2024 | Brasil

Investigações não apontam, contudo, de quem é a responsabilidade – Foto Chandan Khanna / AFP

 

 

A Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu nesta quinta-feira 18/1, que o registro de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro contra a Covid-19 é falso.

 

No sistema do Ministério da Saúde consta registro de 19 de julho de 2021. Ele teria sido feito em uma Unidade Básica de Saúde de São Paulo. No entanto, o órgão do governo federal não chegou a uma conclusão sobre eventuais culpados pela falsificação.

 

O registro de imunização foi inserido no cartão de vacinas de Bolsonaro em 19 de julho de 2021, durante a pandemia de covid-19, como se ele tivesse tomado o imunizante na Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Peruche, em São Paulo. No entanto, a investigação constatou que o então presidente da República nunca esteve no local.

 

Bolsonaro viajou à capital paulista na época, mas registros da Força Aérea Brasileira (FAB) mostram que ele voltou para Brasília (DF) um dia antes do registro.

 

Outros dois registros de imunização foram feitos na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. No entanto, as informações foram excluídas do sistema eletrônico do Ministério da Saúde antes mesmo do início das investigações da Controladoria. Nesse último caso, auditores verificaram um possível esquema de fraude a cartões de vacinação que envolvia um secretário municipal da cidade.

 

Os indícios levaram à Polícia Federal deflagrar a Operação Venire, que teve como alvos não só o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle, mas o seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. O militar do Exército foi preso preventivamente durante a operação.

 

Dificuldade na identificação de culpados

 

Ainda de acordo com a CGU, por meio de uma nota técnica elaborada sobre a investigação, qualquer pessoa com acesso ao login e senha da UBS Parque Peruche poderia ser responsável pela fraude no cartão de vacinas de Bolsonaro. Isso porque a unidade utilizou um acesso único ao sistema eletrônico até o dia 11 de maio de 2022 – ou seja, quase um ano depois.

“(…) os depoimentos dão conta de que o Sistema VaciVida poderia ser acessado de qualquer local, não necessariamente do posto de saúde ou de um único equipamento (tablet, computador, etc.). Em suma, qualquer pessoa com login e senha poderia acessar, via web, o site do Sistema e, assim, fazer os registros”, diz trecho do documento oficial.

Primeiros indícios

 

Em setembro de do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) informou que havia indícios fraude no registro de vacinação do ex-presidente, “ocasião em que pessoa desconhecida teria inserido informações falsas no sistema online de registro nominal de aplicação das doses da vacina contra Covid-19”.

 

Na época, funcionárias da Coordenadoria de Vigilância e Saúde de São Paulo registraram boletim de ocorrência. Na sequência, duas testemunhas foram ouvidas.

 

Ao STF, na mesma ocasião, o procurador afirmou que “há indícios suficientes de inserção criminosa de dados falsos em sistemas de saúde pública, de domínio da União, relativas à vacinação do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro. A materialidade dos fatos está bem delimitada, na medida em que foram juntados os prints do sistema que comprovam as declarações das testemunhas”.

 

*Com informações da Itatiaia 

 

 

 

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