O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda-feira 11/12, que a tarifa zero nos ônibus da capital vai funcionar aos domingos a partir do dia 17 de dezembro.
Em 2024, Nunes vai disputar a reeleição para a Prefeitura.
A gratuidade vai valer para todos os passageiros nos 4.830 ônibus da cidade, em suas 1175 linhas, da 0h às 23h59. Também vai haver tarifa zero no Natal, Ano Novo e Aniversário de São Paulo, no dia 25 de janeiro. A Prefeitura vai deixar de receber R$ 283 milhões com as tarifas pagas aos domingos, e vai tirar do orçamento para cobrir esse montante.
Em novembro, Nunes já havia anunciado a implantação da tarifa zero ainda este ano.
Segundo Nunes, não será necessário o aumento do número de ônibus.
“A própria ociosidade vai poder assimilar essa demanda”, disse. “As pessoas vão poder curtir e viver a cidade, ter suas ações desenvolvidas de esporte cultura e lazer”, completou.
Questionado sobre a validade da medida, Nunes não deu prazo. “A intenção é manter a gratuidade pra sempre”.
Só os ônibus terão gratuidade. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se manifestou contra a tarifa zero anteriormente e disse ainda que a “tarifa congelada há muito tempo prejudica saúde das empresas”.
“Não é necessário que Metrô e CPTM tenham a gratuidade. Os ônibus atendem 100% do nosso objetivo”, disse Nunes.
O presidente da SPTrans, Levi dos Santos Oliveira, afirmou que o passageiro ainda vai precisar encostar o bilhete para fins estatísticos. Para o usuário que não tem bilhete, tem o cobrador com bilhete de bordo. Caso não haja cobrador, o motorista libera.
O relatório final que trata da tarifa zero foi aprovado na última quarta-feira (6) pela Câmara Municipal de São Paulo.
“A Câmara Municipal também fez um estudo importante para que isso possa se tornar uma realidade, é preciso um exercício financeiro. A comissão de finanças já reservou uma rubrica a respeito do projeto”, disse o vereador Fábio Riva (PSDB).
Em 1991, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina (PT), a cidade teve uma experiência regional em Cidade Tiradentes, no extremo da Zona Leste da capital, com cinco linhas de ônibus de graça, para a circulação das pessoas dentro do bairro. A medida foi extinta em meados dos anos 2000.
Tarcísio é ‘absolutamente contra’ à proposta
O governador Tarcísio disse no último dia 24 de novembro que é “absolutamente contra” a proposta de tarifa zero.
Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, o governador afirmou que “não vê viabilidade” na proposta do prefeito de São Paulo em zerar a tarifa do Metrô e da CPTM, a exemplo do que o prefeito planeja nos ônibus do municípios.
Tarcísio disse que, para bancar a proposta, seria necessário tirar dinheiro de outras políticas públicas para bancar o sistema de transporte.
“Sou contra. Absolutamente contra. Não consigo ver viabilidade em você colocar o sistema que tem 8 milhões e 300 mil passageiros com tarifa zero. Que tem estrutura de custos completamente diferentes. Alguém já apresentou de fato a conta de quanto vai ser o subsídio? É hoje esse valor. Com a catraca livre vai ser mais…”, disse Tarcísio.
“Quanto você vai subtrair de outras políticas públicas para vir com a tarifa zero? Pra mim é algo que não se sustenta, não faz sentido e nós não vamos embarcar”, completou.
Subsídio recorde
Questionado sobre o aumento do subsídio pago pela prefeitura às empresas de ônibus da cidade em 2023, que chegou a R$ 5,3 bilhões em novembro e já é o maior da história da cidade, Nunes afirmou que o montante é resultado do congelamento da tarifa em R$ 4,40 desde janeiro de 2020.
Segundo o prefeito, manter o valor da passagem no atual patamar é importante para tentar atrair novos usuários para o sistema e resgatar o número de passageiros transportados antes da pandemia da Covid-19.
“O aumento atual do subsídio é para manter a tarifa nos R$ 4,40. Sem ele, era para estar em torno de R$8,00. Nós tínhamos, em 2019, nove milhões de passageiros por dia. Hoje são apenas sete milhões. Nós estamos mantendo a tarifa congelada para poder atrair mais passageiros para o transporte coletivo e desincentivando o transporte individual. E a manutenção da tarifa baixa, faz parte desse processo”, declarou.
O gasto gestão municipal com subsídios pagos às empresas de ônibus já o maior da história da cidade, pelo terceiro ano consecutivo.
Segundo dados divulgados pela SPTrans, entre janeiro e novembro deste ano, o total aplicado pelo tesouro municipal no sistema municipal de transporte público da capital superou em cerca de 4% os R$ 5,1 bilhões gastos em todo o ano passado.
Esse valor ainda deve crescer até o fim do ano, uma vez que 2023 ainda não terminou e, no ano passado, só no mês de dezembro, a prefeitura desembolsou R$ 650 milhões para subsidiar o transporte público da cidade.
Subsídios pagos às empresas de ônibus em SP
2023: R$ 5,3 bilhões (até novembro)
2022: R$ 5,1 bilhões
2021: R$ 3,4 bilhões
2020: R$ 3,3 bilhões
2019: R$ 3,1 bilhões
2018: R$ 3,3 bilhões
2017: R$ 2,9 bilhões
2016: R$ 2,5 bilhões
*Com informações do G/1 / Fonte SPTrans