
Lohanna França, Beatriz Cerqueira e Bella Gonçalves foram alvos de ameaça – Foto Divulgação ALMG
Após ser ouvido por cinco horas por um delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, um homem suspeito de envolvimento em grupos e fóruns que ameaçavam as deputadas estaduais Lohanna França (PV), Bella Gonçalves (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT) foi solto.
Endereços ligados ao suspeito foram alvos de mandados de busca e apreensão na quinta-feira 28/9, em Pirapora, no Norte de Minas.
Apesar de ter sido liberado, ele está sendo monitorado pelas autoridades. As forças de segurança estão trabalhando para identificar e localizar os demais participantes destes grupos virtuais criminosos.
A Polícia Civil vai analisar o conteúdo disponível no material eletrônico que foi apreendido na casa dele, como: celulares, computadores, HDs, pen drives e anotações. Munições e equipamentos para fabricação de armas caseiras também foram encontrados pelos policiais.
Durante a investigação foram monitorados diversos fóruns e grupos na internet, de onde se originaram as ameaças. Nos grupos, identificou-se também a exposição indevida de dados sigilosos de diversas autoridades, incitação à violência, à pedofilia e à necrofilia, postagens de imagens de estupros, assassinatos e mutilações e muito conteúdo de abuso e a exploração sexual infantil.
Para não atrapalhar as investigações, o processo está sob sigilo judicial.
Ameaças de ‘estupro corretivo’

A Polícia Civil apreendido na casa dele celulares, computadores, HDs, pen drives e anotações – Foto Divulgação PC
No final de agosto, um “boom” de ameaças começou a ocorrer contra parlamentares de partidos de esquerda em diferentes pontos do país. Na época, em um período de nove dias, a Itatiaia mapeou ameaças de “estupro corretivo” contra sete mulheres em cargos políticos. Minas Gerais foi o estado com mais registros deste tipo – quatro no total.
Segundo especialistas, estupro corretivo é uma pratica criminosa utilizada por agressores que desejam controlar o comportamental sexual ou social da vítima. Uma das ameaças mais graves foi contra a deputada Lohanna França. Além da ameaça de abuso sexual, o agressor disse que daria um tiro na cabeça da parlamentar. Em um e-mail, o autor dos ataques disse que conhecia endereços e a rotina da deputada, da família e de sua equipe parlamentar.
A parlamentar se manifestou nesta sexta-feira, após a realização da operação das autoridades mineiras. Por causa das ameaças, há mais de um mês, ela está sendo escoltada 24 por horas dia por homens da Polícia Militar.
“Há 36 dias a gente está vivendo sob escolta da Polícia Militar, com a nossa família sendo monitorada e nossos passos sendo vigiados e a gente está ciente do nível de privilégio que tem essa rede de proteção. Mas o que todas nós queremos é a resolução e a identificação dos sujeitos que se acham acima do bem e do mal, que são muito corajosos quando estão atrás dos teclados para nos ameaçar”, afirma a deputada Lohanna França em um vídeo publicado em uma rede social.

Segundo o MP, foram apreendidos equipamentos para fabricação de armas caseiras – Foto MPMG
“Nesses fóruns, a gente encontra todo tipo de crime sendo cometido, racismo, pedofilia, todo tipo de ódio contra as mulheres, são coisas muito pesadas que este pessoal conversa, planeja, mobiliza”, completa.
Ameaças de “estupro corretivo” também foram disparadas para tentar intimidar a também deputada estadual por Minas Gerais, Bella Gonçalves (Psol). Iza Lourença (Psol) e Cida Falabella (Psol), vereadoras de Belo Horizonte, também foram alvo de mensagens ameaçadoras. Estes três casos já viraram inquérito e estão sendo investigados pela polícia mineira. A onda de ameaças não se limita a Minas Gerais.
Mensagens ameaçadoras e com teor semelhante foram enviadas para a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), e a deputada estadual de Pernambuco, Rosa Amorim, do PT. Vereadora no Rio de Janeiro, Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, também foi alvo de ameaças.
Além da Polícia Civil, a operação Di@na também contou com a participação do Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos (Gaeciber), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), e da Polícia Militar.
Operação Di@na
O nome da operação é uma referência à deusa Diana, da mitologia romana, protetora das mulheres e crianças. O @ faz alusão aos crimes cibernéticos investigados.
*Com informações da Itatiaia
Deputada Lohanna recebe ameaça de estupro e morte por e-mail