O ex-presidente da República, Michel Temer (MDB), que assumiu o cargo após a queda da titular de sua chapa, Dilma Rousseff (PT), afirmou que a petista é “honestíssima”, mas não soube se relacionar com o Congresso e caiu por um conjunto de fatores que influenciaram a pressão das ruas. Temer afirma que não participou de “golpe” e que nem considera que tenha havido um golpe contra ela, mas apenas o cumprimento da Constituição.
“Eu não participei de golpe nenhum. Até vou contar a todos vocês. Quando começou a história da chamada procedência da acusação (de impeachment) na Câmara dos Deputados, vocês sabem que eu vim pra São Paulo. Fiquei no meu escritório um tempão, várias semanas, porque, por uma razão que, eu reconheço, existe, o vice é sempre o primeiro suspeito, nao é?”, afirmou ele em entrevista ao portal “Uol”.
Temer diz que só retornou a Brasília quando o debate já estava na reta final e foi informado de que a procedência seria aceita. Nesse ponto, Temer rechaça a existência de qualquer golpe, como acusam grupos de esquerda.
Para Temer, Dilma caiu por um conjunto de fatos que se agravou em razão do relacionamento com o Congresso e com a pressão das urnas. Contudo, ele rechaça denúncias de corrupção contra a então presidente.
“Eu quero dizer que a senhora ex-presidente, às vezes falam em corrução e nao sei o quê, (mas é) mentira. Ela é honesta. O que eu sei, o que eu pude acompanhar, embora eu estivesse à margem do governo, embora fosse vice-presidente, não é (corrupta). Ela não tem, eu quero atestar aqui, nao há nada que possa apontá-la de corrupt. Para mim, (ela é) honestíssima”, enfatizou.
O ex-presidente afirmou que quem derruba um presidente não é o Congresso, mas a pressão da população, como houve com Dilma Rousseff.
“Houve problemas políticos, nao é? Você veja: ela teve dificuldade no relacionamento com o Congresso Nacional, teve dificuldade no relacionamento com a sociedade e teve as chamadas pedaladas, que é uma coisa extremamente técnica né? Isso acabou sendo até atestado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e este conjunto de fatores é que levou, vocês se recordam disso, multidões nas urnas, que eu também aqui registro. Quem derruba presidente, no impeachment, não é o Congresso Nacional. É o povo na rua que influencia o Congresso Nacional. Se não tiver povo na rua, nao há a menor possibilidade de manifestação negativa do Congresso Nacional, né?”, avaliou.
Nos últimos dias, em meio aos debates eleitorais, o ex-presidente foi procurado pela ala lulista do MDB que pediu que ele intercedesse para adiar a convenção nacional da legenda. No entanto, o evento segue marcado para o dia 27, em formato virtual, para escolher o nome de Simone Tebet como candidata. Um outro grupo, porém, defende que o próprio Temer seja alçado ao posto, o que ele rechaça.
Por O Tempo