Vacina da dengue do Butantan tem eficácia semelhante à Qdenga

31/01/2024 | Brasil

O Butantan está desenvolvendo um imunizante contra a dengue há mais de 10 anos – Foto Governo de SP

 

 

Resultados de um estudo científico publicado nesta quarta-feira 31/1, apontam que a vacina contra a dengue em desenvolvimento pelo Instituto Butantan apresenta uma eficácia geral de 79,6% na prevenção da doença. Os dados foram divulgados na revista científica “New England Journal of Medicine (NEJM)”.

 

A taxa de eficácia é semelhante a encontrada nos ensaios clínicos da Qdenga (80,2%), vacina contra a dengue do laboratório japonês Takeda que passará a ser ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS) este ano, em duas doses. No caso da vacina brasileira, prometida para 2025, a aplicação será em dose única.

 

Segundo a publicação, que trouxe dados de um acompanhamento de três anos de mais de 16 mil indivíduos de todo o Brasil, a eficácia para combater a infecção registrou números muito positivos em pessoas com e sem exposição prévia à dengue:

 

  • 89,2% de eficácia em pessoas que contraíram a doença antes do estudo;

 

  • E 73,6% de eficácia naqueles que NUNCA tiveram contato com o vírus da dengue.

 

A Butantan-DV também se mostrou altamente eficaz na redução do risco de contrair dengue sintomática causada pelos sorotipos 1 e 2 da doença.

 

O imunizante desenvolvido pelo Butantan é projetado para proteger contra os quatro tipos diferentes do vírus da doença (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).

 

Durante o estudo, porém, somente os tipos 1 e 2 estavam em circulação no país. E a eficácia observada para prevenir a infecção por esses vírus foi de 89,5% e 69,6%, respectivamente.

 

Fora isso, a vacina, que de acordo com o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve ficar pronta em setembro, também mostrou uma eficácia 80,1% entre crianças de 2 e 6 anos de idade, 77,8% entre jovens entre 7 e 17 anos de idade e até mesmo 90% entre adultos de 18 a 59 anos.

 

Pesquisa inovadora

 

O Instituto Butantan vem desenvolvendo esse imunizante há mais de 10 anos, em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).

 

O estudo sobre a vacina avançou para fase 3 (quando começa a ser testada sua eficácia em pacientes) em 2016 e hoje está na etapa de acompanhamento. A previsão é de que todos os indivíduos completem cinco anos de acompanhamento este ano.

 

O estudo de fase 1 sobre o imunizante mostrou que ele induziu a geração de anticorpos (soroconversão) em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% naqueles que nunca haviam tido contato com o vírus.

 

No teste clínico de fase 2, tanto a vacina liofilizada (em pó) desenvolvida pelo Instituto quanto a formulação original do NIH, induziram a produção de anticorpos e de células de defesa em pessoas com ou sem contato prévio com todos os sorotipos da dengue.

 

Quem poderá tomar?

 

O imunizante, que também é tetravalente, deve proteger pessoas com e sem contato prévio com o vírus, como a Qdenga.

 

Essa sua imunogenicidade, ou seja, a capacidade da vacina de gerar uma resposta imune, foi analisada durante um ano por meio de testes de neutralização do vírus e se manteve alta em todos os participantes.

 

A vacina está sendo produzida com os quatro tipos do vírus da dengue atenuados, ou seja, enfraquecidos. A expectativa é que uma dose seja suficiente, já que, segundo os estudos, a dose adicional não induziu diferenças significativas.

 

No estudo, os pesquisadores do Butantan ressaltam inclusive que uma vacina contra a dengue em dose única traz várias vantagens.

 

Ela oferece, por exemplo, proteção rápida, sendo útil para viajantes e em casos de surtos. Além disso, uma única dose evita a necessidade de doses adicionais, simplificando a logística e aumentando a adesão à vacinação.

Números da dengue

 

No primeiro mês deste ano, o Brasil contabilizou 243.721 casos (entre prováveis e confirmados) de dengue, mostrando um aumento de 150% em comparação com janeiro de 2023, quando foram registrados 93.298 casos.

 

Enquanto os casos aumentaram, o número de mortes diminuiu de 61 (em 2023) para 24 (em 2024). É importante mencionar que 163 mortes estão sob investigação.

 

Esses dados estão disponíveis no painel de arboviroses do Ministério da Saúde e foram atualizados na quarta-feira (31) às 14h17.

 

O aumento nos casos foi observado em todas as faixas etárias, sendo que pessoas de 30 a 39 anos apresentaram o maior número de registros, com 48.672 notificações somente em janeiro. No ano anterior, as notificações foram de 18.796 casos.

 

*Com o G1 

 

 

 

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