Depois de 17 anos, o Brasil volta a ter o melhor jogador do mundo. Vini Jr foi eleito no prêmio Fifa The Best 2024, nesta terça-feira 17/12, em Doha. Vencedor da Bola de Ouro, em outubro, Rodri, do Manchester City, foi o segundo colocado.
Kaká, em 2007, havia sido o último brasileiro a conquistar a honraria. Agora dá para traduzir em português (com sotaque brasileiro) novamente. O melhor jogador do mundo. Quem é? Vini Jr.
Foram 17 anos sem que a bandeira do Brasil estivesse atrelada ao vencedor. Marta, entre as mulheres, foi quem visitou essa prateleira mais alta. Mas, entre os homens, ninguém dos nossos tinha conseguido desde Kaká, em 2007.
Poderia ser Neymar. Não foi. Coube a Vinicius continuar o legado dos gigantes do futebol brasileiro nessa premiação criada pela Fifa a partir de 1991. Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká. Todos campeões do mundo. Agora, é a vez de Vini Jr.
A ausência de Neymar na lista diz respeito ao que ele não atingiu coletivamente ao longo dos anos e também por ter sido contemporâneo no auge de Messi e Cristiano Ronaldo.
Passado o período de dominância dos dois (quase) extraterrestres, veio a oportunidade para uma disputa mais aberta. E o talento brasileiro reapareceu entre os maiores.
A temporada de Vini com o Real Madrid teve mais um título da Liga dos Campeões. O segundo dele. O segundo fazendo gol na final. Mas foi além disso e do próprio Campeonato Espanhol.
Vini representou a magia do drible, aliada ao volume de chances criadas, gols e assistências. Em um time que dominou o continente, brilhou mais que outros colegas de equipe, como Bellingham e o agora aposentado Toni Kroos.
O reconhecimento dos eleitores do prêmio da Fifa é a consequência.
O mais perto que Neymar chegou foi o top 3
Na fase de Neymar como principal jogador brasileiro na Europa, o mais perto do topo que ele atingiu foi o terceiro lugar duas vezes. Uma em 2015 e outra em 2017.
Na primeira, Neymar foi excelente na combinação com Messi e Suárez, conquistando a Champions na final diante da Juventus.
Messi levou a melhor, Cristiano Ronaldo foi o segundo e, então, coube o terceiro lugar a Neymar.
Em 2017, ano que marcou a transferência mais cara de todos os tempo — com Neymar indo do Barcelona para o PSG por 222 milhões de euros — a ordem dos dois primeiros se inverteu. Cristiano ficou à frente de Messi, com o brasileiro fechando o pódio.
A partir de então, Neymar passou a lidar com mais frequência com lesões. Era praticamente uma por ano, que comprometia a sequência na fase mais aguda da temporada.
Além disso, o PSG só conseguiu em 2020 chegar mais longe, na final, da Champions League. Neymar já tinha outra função no time, não mais como ponta. Mas nem como finalista ele chegou perto de ser eleito.
Vinicius escapou dessa polarização entre Messi e Cristiano, e ainda faz parte de um time muito mais vencedor.
Eu não sei nem por onde posso começar. Porque era tão distante, que parecia impossível chegar até aqui. Era uma criança que só jogava bola descalço nas ruas de São Gonçalo, perto da pobreza, do crime. Poder chegar aqui é muito importante para mim. Estou fazendo por muitas crianças que pensam que é impossível.,, diz Vini Jr., melhor jogador do mundo em 2024
Vini pensou que seria melhor do mundo aos 25. Foi antes
Como produto de mente sonhadora de um garoto que ainda estava começando no Real Madrid, Vini Jr. chegou a dizer, em março de 2019, que tinha como objetivo ser o melhor do mundo com 25 ou 26 anos.
A projeção, nos anos seguintes, virou um assunto proibido. Até por orientação do estafe do jogador, se precavendo contra eventuais piadas futuras.
O discurso de Vinicius passou a ser mais coletivo. Mas a temporada 2023-2024 reacendeu a chama de que ele, sim, poderia fazer parte da prateleira mais alta individualmente. E poderia viver a expectativa disso tudo.
A projeção se materializou. E um ano antes do que Vini previa.
A projeção de Vini para si mesmo teve como ingredientes uma percepção sobre quando poderia alcançar a maturidade de “fazer tudo bem” em campo.
Ao longo dos anos, isso se concretizou, embora ainda não seja perfeito. O desempenho na seleção mostra isso. De todo modo, Vini manteve o nível altíssimo de drible, velocidade e cresceu como finalizador. Agora, volta a colocar um nome brasileiro associado ao termo “melhor do mundo”, aos 24 anos.
Piada talvez seja não ver nele o talento e a magia do futebol.
*Com informações do Uol