Zema e prefeitos defendem adiamento das eleições de 2020

25/03/2020 | Minas Gerais

Romeu Zema, governador de Minas Gerais – Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

 

O governador Romeu Zema (Novo) e os prefeitos de algumas das maiores cidades mineiras defendem o adiamento das eleições municipais de 2020 e a realização de eleições unificadas em 2022, para os cargos de presidente, governador, senador, deputado federal, deputado estadual, prefeito e vereador.

Além de Zema, compartilham dessa posição o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP), o prefeito de Betim, Vittório Medioli, e o prefeito de Governador Valadares, André Merlo (PSDB). Representantes de associações de municípios também concordam com a postergação do pleito eleitoral.

O adiamento da corrida eleitoral passou a ser discutido após o agravamento da pandemia do novo coronavírus. O custo das eleições passou a ser questionado num momento em que o governo federal precisa direcionar recursos para o enfrentamento da doença, tanto na área da saúde como da economia. Além disso, o fechamento de diversos órgãos públicos e a redução na circulação de pessoas afetam os prazos de cadastramento biométrico dos eleitores e também do registro das candidaturas.

Somente o fundo eleitoral e o fundo partidários, juntos, chegam a quase R$ 3 bilhões. O Orçamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável por realizar as eleições, é de R$ 2,1 bilhões para 2020.

Entidades

Para o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Glademir Aroldi, o adiamento das eleições é inevitável. Ele considera que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) não terão tempo suficiente para organizar as corridas eleitorais, uma vez que o Ministério da Saúde prevê que a situação vai começar a ser amenizada somente a partir de setembro.

“E aí como vão ser feitas as convenções municipais? Não vai ter como porque elas são realizadas no mês de agosto. Nisso, ainda vamos estar no olho do furacão. Então, é suspender e discutir como vai ser feito. E o custo de uma eleição, que é muita cara no Brasil, pode ajudar muito no combate à epidemia”, disse. Ele ressaltou que é favor dos fundos, mas acredita que neste ano eles devem ser usados para a área da saúde.

O entendimento do prefeito de Moema e presidente da Associação Mineira de Municípios, Julvan Lacerda (MDB), é de que será “uma grande irresponsabilidade” dos responsáveis pela condução do país se ocorrer um processo eleitoral neste ano: “Eleição que vai consumir bilhões de reais num momento em que as prefeituras, principalmente, vão morrer à míngua para poder socorrer o povo. Esse dinheiro deve ser partilhado com as prefeituras no critério de população para ser gasto na saúde”.

Prefeitos

O prefeito de Governador Valadares, André Merlo (PSDB), diz que mesmo que a pandemia de coronavírus seja resolvida até julho, os candidatos não terão feito pré-campanha. Segundo ele, essa fase é essencial para as candidaturas.

Na pré-campanha, os pré-candidatos estão autorizados a declarar publicamente a intenção de se candidatarem, assim como expor suas ideias e projetos para as cidades.

“Com a campanha de 45 dias, você precisa da pré-campanha, que é autorizada. E ninguém está fazendo. Nem o prefeito, que eventualmente pode ser reeleito, nem os possíveis pré-candidatos propondo renovação”, explica Merlo.

O prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP), afirma que sempre foi favorável à unificação das eleições, pois isto traria mais equílibrio e alinhamento para a governabilidade nos âmbitos municipal, estadual e federal.

“Com mais essa crise, infelizmente, os prefeitos precisarão fazer de tudo para combater o avanço do vírus e não terão condições de entregar as cidades financeiramente organizadas”, disse o prefeito.

“A verdade é que será necessário que utilizemos todos os recursos disponíveis para enfretá-la. Quando vencermos juntos o coronavírus, ainda precisaremos de tempo e de união de forças para que restauremos a estabilidade”, completou Leão.

Em resposta à reportagem, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), disse que não vai se posicionar sobre o adiamento das eleições. “Nós não responderemos. O Congresso é que resolve, temos coisas mais importantes para tomar conta. Esse assunto ofende à população trancada em casa”, declarou.

Por O Tempo

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